A paixão que une bairro, torcida e tradição 

Clássicos de bairro, estádios lotados e tradição de família, a força da Suburbana na capital paranaense

Time e torcida aplaudindo juntos. Foto: Acervo Operário Pilarzinho

O Campeonato Suburbano de Curitiba é um dos torneios mais tradicionais do futebol amador do Brasil. Os times de bairro representam a união entre comunidade, identidade local e a paixão pelo esporte. Em dias de rodada são observados estádios cheios, com famílias inteiras torcendo lado a lado, reforçando que a Suburbana é, acima de tudo, uma herança da capital paranaense. 

Entre os clubes mais marcantes está o Operário Pilarzinho Sport Clube, fundado oficialmente em 1951,cujas origens remontam às peladas organizadas por operários da pedreira da região. A ligação do Pilarzinho com seu bairro é profunda e muitas famílias carregam gerações ligadas ao clube. “Eu moro na rua da frente, minha avó é filha de um dos fundadores, meu avô tinha bar no campo, meu pai também. Cresci aqui, joguei na base e hoje estou na diretoria. Tudo isso é por amor”. Conta Gustavo Zerbinate, que é dirigente, social media do Operário Pilarzinho e torcedor apaixonado. 

O clube, que recentemente completou 74 anos, é exemplo de como a Suburbana cria laços que atravessam décadas. Do terrão histórico ao gramado sintético atual, a história do clube mistura tradição, modernização e a força da comunidade. “O Pilarzinho é mais que futebol, é família, é vizinhança se ajudando, é um orgulho que passa de geração em geração.” Reforça Amauri Fernandes, presidente do clube. Essa conexão ajuda a explicar por que os jogos seguem lotando, mesmo sem os holofotes do futebol profissional. 

Outros clubes como Trieste, Vila Sandra, Ipiranga, Novo Mundo e Capão Raso têm tradição na Suburbana, e ganham reconhecimento a cada dia. Em Santa Felicidade, o Trieste é um exemplo desse vínculo. “Aqui é tradição, meu pai torcia, eu torço e agora trago meus filhos. Não importa se é amador, o amor é o mesmo que se vê nos grandes clubes”, afirma João Carlos, torcedor do Trieste, que acompanha o time há mais de 20 anos. 

Essa herança é tão simbólica que em dia de jogos as ruas param, o bairro todo fica atento de forma que não é só o time que está jogando, mas sim a comunidade toda presente. Rauan Sobota, torcedor e percussionista da bateria do Capão Raso, comenta sobre os dias de jogo. “É sinistro, assim, dia de jogo do Capão Raso tanto fora, quanto em casa. É sinistro! o bairro para, vem gente de tudo quanto é canto para prestigiar o jogo.” Ele ainda encerra destacando a união da torcida em prol da paixão pelo futebol, “O que une a gente é a paixão pelo futebol, é bom demais fazer parte da torcida.” 

Sustentar essa tradição, exige esforço coletivo. Rifas, festas, doações e voluntariado garantem a sobrevivência dos clubes ano após ano. “Ninguém aqui ganha nada, é só por amor. Se a gente não fizer acaba”, resume Gustavo.  

Essa dedicação mantém viva uma competição que vai além do esporte. A Suburbana é um reflexo da cultura comunitária curitibana, onde o bairro entra em campo com o time, e cada vitória é celebrada como se fosse de toda a comunidade. 

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