Qual o impacto da pandemia no trabalho artístico? Até que ponto nossas relações interpessoais foram prejudicadas? Quais são as perspectivas daqueles que se viram distantes do seu único refúgio de ascensão, o esporte? Os locais de trabalho estavam realmente preparados para um retorno seguro? Como professores conseguiram motivar seus alunos no ensino à distância?
Esses e outros questionamentos instigaram os estudantes das disciplinas de Laboratório de Jornalismo II e Laboratório Multimídia de Jornalismo II a se aprofundarem em uma série de cinco reportagens especiais sobre a reocupação dos espaços da cidade, após um longo período de restrições impostas pela pandemia. O material já está em circulação em Curitiba e RMC na nova edição impressa do Jornal Comunicação.
As pautas e a edição ficaram sob a responsabilidade da turma de Laboratório Multimídia de Jornalismo II, sob supervisão da professora Criselli Montipó. A equipe de repórteres que realizou a apuração das entrevistas e a redação dos textos foi supervisionada pelo professor Hendryo André, na disciplina de Laboratório de Jornalismo II.
Os relatos dos alunos envolvidos compartilham uma mesma preocupação: a vontade de entregar um conteúdo equilibrado, com leveza e riqueza de informação. Na tentativa de alcançar esse objetivo, encontraram no caminho um processo cheio de contratempos e adaptações — especialmente devido à situação pandêmica que ainda acontece. Mas também se depararam com um percurso de aprendizado e quebra de paradigmas. Confira abaixo os depoimentos dos estudantes envolvidos em cada pauta:
Arte dá novos sentidos às ruas de Curitiba
Equipe envolvida
Produção e edição: Giovana Frioli, Luísa Mainardes, Mônica Ferreira e Rafaela Rasera
Reportagem: Chananda Buss e Juliana Sehn
Se por um lado o meio artístico ganhou notoriedade e importância nas redes sociais, por outro, os espaços urbanos se viram abstraídos de arte, seja em murais ou intervenções corporais nas ruas. Durante a elaboração da pauta, a equipe buscou tensionar a presença da arte e sua relação com o público. “A intenção era encontrar expressões artísticas nas ruas de Curitiba e gerar um guia para os principais murais da cidade, como um convite à visitação desses lugares”, relata Luísa Mainardes, integrante da equipe de produção.
“A arte de rua sempre esteve presente nas cidades, mas no cenário pós-pandêmico, depois de um tempo privados do convívio social, é interessante mostrar para o leitor a arte e os artistas de rua. É um incentivo para fazer o leitor olhar para a rua com um olhar diferente, um olhar aberto à arte.” — Equipe de Produção
Ao longo do processo, as repórteres responsáveis buscaram um novo tom para a pauta. Além da lista de murais para conhecer na cidade, o destaque se tornou os impactos da pandemia no trabalho dos artistas. Na apuração das informações, elas fizeram uma busca pelos murais do centro de Curitiba e produziram fotos autorais que enriqueceram o conteúdo da reportagem. Para Chananda Buss, garantir o alcance do conteúdo é essencial. “É muito legal que o conteúdo que fizemos com carinho e pesquisa chegue em outras pessoas e possa sair da bolha universitária”, diz.
Trabalho presencial
Equipe envolvida
Produção e edição: Bruna Durigan, Joana Oliveira, Letícia Arielli e Robson Delgado
Reportagem: Deyse Silva e Thiago Fedacz
Em meio a uma queda de braço constante entre os poderes públicos, uma massa de trabalhadores se viu diante de problemas bem práticos com o retorno presencial: garantir o salário de cada mês, a comida na mesa e a saúde dos membros da família. As empresas viabilizaram um retorno seguro e com ambientes adequados à realidade pandêmica? É sobre essas questões que a equipe de produção quis se aprofundar. “A ideia foi reconhecer quais foram as carências, nos diferentes ambientes de trabalho, que geraram possíveis inseguranças à saúde dos trabalhadores”, comenta Letícia Ariele, uma das produtoras envolvidas.
“Essa temática abrange grande parte da parcela social adulta e jovem do Brasil, interferindo diretamente na qualidade de vida de cada trabalhador que retornou ou está retornando ou nunca deixou de estar exposto aos riscos de um trabalho presencial durante a pandemia.” — Equipe de Produção
Durante a produção, repórteres optaram por redirecionar o foco para os trabalhadores de escritório. Mesmo não abordando os diferentes tipos de trabalho em diversos meios, o recorte feito ainda engloba uma parcela considerável de trabalhadores. E para isso, foi preciso um esforço de correr atrás dos entrevistados. “Alguns demoravam muito para me responder, necessitando que eu ligasse para elas para ter uma resposta mais rápida. Já com outros, tive dificuldades para que me respondessem”, conta Thiago Fedacz.
Quando é difícil sair de casa e encarar o mundo
Equipe envolvida
Produção e edição: Camila Lima, Guilherme Lara da Rosa, Lara Maoski e Maria Eduarda Veloso
Reportagem: Rafaela Moura e Antonio Zappa
Sair de casa para uma nova realidade virou tema atual visto que as atividades estão com uma retomada no cotidiano das pessoas, seja por trabalho ou estudo. A equipe de produção relata que atualmente vivemos no Brasil um período em que a desinformação é grande e permeada por negacionismo e nas palavras do grupo “é dever do Jornalismo não dar espaço para discursos anti-ciência”.
Dentro dessa onda de desinformação, a reportagem produzida pelos estudantes Rafaela Moura e Antonio Zappa enfrentou o desafio de lidar com algo tão novo, por isso a captação de informações é constantemente atualizada. “Como se trata de algo recente, não havia dados específicos sobre o assunto e os especialistas ainda não tinham um protocolo estabelecido, o que dificultou um pouco a produção da matéria” enfatiza Rafaela.
A pauta da ressocialização após a retomada de atividades presenciais tem a necessidade de abordar assuntos de cunho científico, para que o leitor saiba sobre a importância da ciência para a saúde pública.
De volta à sala de aula
Equipe envolvida
Produção e edição: Ana Cristina Gomes, Hiago Rizzi, Thaysla Neves e Vitor Hugo Batista
Reportagem: Isabela Stanga e Rafael Schmeiske
Sabendo que a cada cinco jovens entre 14 e 29 anos não concluiu a educação básica em 2020, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a reportagem sobre a reocupação do ambiente escolar na Educação de Jovens e Adultos (EJA) foi escolhida pela equipe de pauteiros que afirmam que “A Educação de Jovens e Adultos, entretanto, tem sido menos noticiada e expande as possibilidades de ancoragem. Afinal, o seu público está ligado ao mercado de trabalho e é marcado pela desigualdade”.
Isabela Stanga, foi a repórter junto de Rafael Schmeiske que relata sua experiência como enriquecedora, visto que não conhecia muito sobre o tema, “Antes da pauta, eu não tinha tido muito contato com o Ensino para Jovens e Adultos (EJA), somente tinha ouvido falar. Porém, conversar com profissionais e estudantes da modalidade me permitiram compreender as características específicas do EJA e como ele é um pilar educacional importante, mesmo que não ganhe o mesmo destaque midiático que os demais”.
A equipe de produção levou em consideração a disponibilidade de fontes, como especialistas e personagens para humanizar a narrativa, e a necessidade de rediscutir a EJA como projeto educacional, por vezes interpretado a partir de estereótipos. Ana, Hiago, Taysla e Victor relatam ainda que “… a EJA representa uma forma de reafirmação do indivíduo na sociedade, possibilitando a criação de uma rede de sociabilidade e aperfeiçoamento técnico, é clara a problemática desse contexto na interrupção causada pela pandemia.”, por essa razão é importante sua discussão após esse retorno ao presencial.
Do sofá ao parque
Equipe envolvida
Produção e edição: Catherine Grein, Eduardo Magalhães, Enzo Labre, Letícia Ribeiro
Reportagem: Cecília Sanchez e Luís Henrique Pacheco
Uma das pautas mais discutidas durante a pandemia foi a saúde da população tendo em vista que as academias e parques ficaram fechados neste período. O sedentarismo foi crescendo enquanto o tempo passava, hábitos saudáveis como uma caminhada no parque não podiam ser realizados, apesar de ser um assunto amplo a equipe de pauta deixa claro que “Apesar do foco da pauta estar na reocupação dos espaços públicos para a prática do esporte, tentamos sugerir fontes que abordassem o tema a partir das perspectivas da saúde e das políticas públicas. Durante o processo da produção, também tentamos ressaltar a função de serviço da pauta, de aproximar a população dos espaços públicos de prática de atividade física”.
Para Luís Pacheco e Cecília Sanchez responsáveis pela reportagem falam que o que os deixou mais animado durante a realização da notícia “… foi essa a exploração mais detalhada que ela permitiu quanto aos hábitos dos brasileiros durante o período de quarentena. Nos deixando testemunhar, por meio dos dados e fontes, certos fenômenos sociais interessantes, incluindo alguns pelos quais também passamos durante aquele período”.
Os editores desta reportagem assim como as demais equipes são unânimes em dizer que esse processo de edição permite crescimento profissional, “A edição foi um processo novo para a equipe, é uma atividade que nos permitiu aprender sobre a construção de uma matéria”, finaliza Catherine, da equipe de produção e edição.
Texto de Robson Delgado e Victor Hugo Batista
Colaboração: Ana Cristina Gomes e Thaysla Neves
Você pode acessar a esta edição do Jornal Comunicação no arquivo a seguir: