Atores curitibanos buscam transição dos palcos para as telas

Rede Globo é a empresa que mais absorve novos atores para a televisão (Foto: Arquivo globo.com)

Ary Fontoura, Letícia Sabatella, Herson Capri, Marjorie Estiano, Fernanda Machado, Fabíula Nascimento, Alexandre Nero – a lista de atores e atrizes paranaenses que conquistaram o espaço no cenário nacional, principalmente na teledramaturgia, é grande e continua a crescer a cada dia. Só no segundo semestre de 2013, dez artistas do estado estavam escalados em papéis importantes nas três principais novelas da Rede Globo. Influenciados pelo sucesso dos conterrâneos, jovens atores de Curitiba buscam colocações nas principais empresas da indústria audiovisual brasileira.

Rede Globo é a empresa que mais absorve novos atores para a televisão
(Foto: Arquivo globo.com)

Alison Luiz dos Santos começou oficialmente a carreira em 2010, quando participou da peça Cinderela Mudou de Ideia, da companhia Pé no Palco. Desmotivado com a desvalorização da profissão na capital paranaense, o ator resolveu tentar a sorte no eixo Rio-São Paulo, onde conseguiu uma vaga no Projac, centro de produção da TV Globo, como parte do elenco de apoio – grupo que faz pequenas participações nos programas, esquetes, séries e novelas da emissora. Para ele, apesar de Curitiba ser um grande centro cultural, a falta de incentivo e a baixa remuneração para os profissionais da área acabam sendo obstáculos para quem deseja seguir carreira na cidade.

“Somos um exemplo no segmento do teatro. Temos excelentes escolas, senão algumas das melhores. O problema não está na qualidade” afirma Santos, que também apontou a alta concorrência como uma dificuldade. Um levantamento feito há sete anos pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT/PR), responsável pelo registro de profissionais regulamentados, já trazia a profissão de ator como a mais registrada, com 65% das solicitações de regulamentação daquele ano.

Com cerca de 40 escolas e oficinas regulares de atuação, além de um dos festivais de teatro mais tradicionais do país, dar o pontapé inicial da carreira subindo aos palcos não é difícil. O problema aparece quando os atores decidem fazer a transição das peças para a televisão, que ainda é o espaço com maior reconhecimento e investimento para os profissionais. Alison explica que ter contatos dentro das grandes emissoras é a porta de entrada mais acessível para quem deseja migrar para as telenovelas. “Fui até o Rio de Janeiro e dei a cara à tapa para conseguir alguma coisa, mas a maior parte dos meus trabalhos foi por indicação de amigos e produtores”, conta.

Mercado publicitário

Nesse contexto, a publicidade acaba sendo o caminho mais fácil para quem não quer ou ainda não teve a oportunidade de sair da cidade. Por conta da faculdade, Victor Nascimento dá os primeiros passos da carreira através de campanhas publicitárias. O estudante de Relações Públicas já estrelou comerciais para colégios particulares e uma grande rede de supermercados da capital, além da etapa televisiva da campanha Vó Gertrudes, personagem criada para promover a educação no trânsito entre os moradores de Curitiba. Para ele, a falta de contatos e, consequentemente, de conhecimento sobre testes que estejam acontecendo é a maior desvantagem de não estar inserido no eixo mais movimentado da indústria cultural. “Somos bem fortes na questão do teatro, mas não há um leque de oportunidades tão grande quanto no Rio de Janeiro, por exemplo”, explica.

Entretanto, mesmo no âmbito da publicidade, há muitos percalços para quem está começando a carreira. A booker da DM Atores e Modelos, Anaíse Bonfanti Kessler, conta que o mercado publicitário tem mais oportunidades em São Paulo. Além disso, existem outros problemas que podem dificultar os primeiros trabalhos de um ator. “Em nossa cidade falta profissionalização específica para a área publicitária. Temos também as questões do perfil, que é muito específico dependendo do nicho da campanha, e a concorrência, muito forte por aqui”, comenta. Para ela, o processo seria mais fácil se os cursos de atuação oferecessem a modalidade específica para publicidade com mais frequência. Atualmente, apenas cinco escolas oferecem o serviço personalizado. “O segredo contra a concorrência é estar cada dia mais preparado”, recomenda Kessler.

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