qua 04 dez 2024
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Banalização da pandemia gera preocupação para 2022

Atitudes quanto à volta de atividades presenciais divide população entre otimismo e receio

Com os avanços na vacinação no país, a pandemia vem sendo tratada de forma cada vez mais trivial. Desde o início da vacinação no Brasil, medidas restritivas vêm sendo flexibilizadas a nível nacional. Atualmente, a taxa de vacinação está alcançando o marco de 130 milhões de pessoas imunizadas com as duas doses de uma das vacinas que estão sendo distribuídas no país, o que representa cerca de 60% da população.

Para muitos, a retomada das atividades presenciais é vista como motivo de otimismo, principalmente porque pode representar o início de melhoras na economia do país. Mas isso não significa que não haja preocupações a respeito.

Luciano Moreira Filho é estudante de Farmácia na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e realiza exames PCR-RT em seu estágio – o que significa que lida com possíveis casos de covid-19 diariamente. A natureza do trabalho torna necessário o uso de máscara, avental, óculos de proteção e face shield, porém, mesmo assim, Luciano presencia descaso às medidas de proteção no ambiente de trabalho.

“Uma das funcionárias levou roupas para vender para as colegas no trabalho e colocou todas as mercadorias em uma mesa onde colocamos itens possivelmente contaminados. Quando falamos para ela e para as colegas que não deveria fazer aquilo, a resposta foi: ‘Ah, mas nós já tomamos a vacina'”, relata.

Segundo a infectologista Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), as vacinas não impedem a contaminação e transmissão da covid-19. Os imunizantes apenas diminuem a probabilidade de ocorrerem casos graves e óbitos dentre os vacinados.

Especialistas afirmam que, para que o país atinja um nível aceitável de imunidade contra a covid-19, é preciso que ao menos 70% da população esteja vacinada. Diante disso, a retomada das atividades presenciais em instituições de ensino e outros estabelecimentos pode ser considerada uma atitude arriscada, principalmente diante do surgimento da variante Ômicron na África do Sul e a quarta onda do vírus atingindo a Europa.

Nicole Wolinger é estudante de Relações Internacionais na Universidade Positivo e já tem informações de que seu estágio será de forma presencial ou híbrida em 2022. Para ela, é necessário ter paciência para fazer uma retomada segura, e os protocolos devem ser mantidos até as contagens de casos estarem zeradas por pelo menos duas semanas.

“Temos como exemplo a virada de ano de 2020 para 2021”, aponta. “Milhares de pessoas acabaram quebrando os protocolos de segurança só para comemorar o fim de ano sem ter tomado a primeira dose [da vacina]”.

“Tenho medo de que as pessoas acreditem que a pandemia realmente acabou; que a segunda e terceira doses são ‘armas’ para matar o vírus, sendo que estão mais para um colete à prova de balas”

Nicole Wolinger, estudante.

Nicole afirma que é possível fazer uma retomada segura às atividades presenciais em 2022, mas está preocupada porque são necessários seriedade e cuidado para que isso aconteça. Luciano está otimista quanto à retomada, contudo concorda que há preocupação quanto ao funcionamento de locais como o Restaurante Universitário (RU) quando as aulas da UFPR voltarem a ser presenciais.

Algumas das principais preocupações de especialistas estão na falta de cuidados que as pessoas já vacinadas apresentam. De acordo com o infectologista Edson Abdala, a primeira dose de um imunizante pode oferecer proteção parcial, porém a proteção só se torna completamente eficaz 14 dias após a aplicação da segunda dose da vacina e, mesmo com ambas as doses, ainda existe o risco de contaminação.

Quaisquer novas variantes que podem surgir também são um risco para quem já foi imunizado, pois o vírus eventualmente pode criar resistência às vacinas existentes. Por isso, especialistas reiteram que, após tomar as duas doses da vacina e até mesmo a dose de reforço, ainda é importante continuar a fazer uso de máscaras, manter o distanciamento e higienizar as mãos.

Stephanie da Silva Pereira
Estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná.
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