Campanha Paraná Rosa promove prevenção ao câncer de mama

Terceira edição da campanha conscientiza sobre sintomas e formas de proteção contra os cânceres de mama e de colo do útero

Mulheres com idade entre 50 e 69 anos devem realizar a mamografia a cada dois anos. Foto: Valdelino Pontes - site Paraná Rosa

O câncer de mama é o segundo tumor mais comum entre as mulheres no Brasil. De acordo com o American Câncer Society, uma em cada oito mulheres que chegarem aos 75 anos terá diagnóstico de câncer de mama. O dado reflete a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. Se descoberta em estágio inicial, as chances de cura podem chegar a 95%. No Paraná, desde 2019, o governo estadual promove a campanha Paraná Rosa, incentivando a conscientização do controle do câncer de mama.

Os cânceres de modo geral não se tratam de apenas uma doença, mas sim de um conjunto delas. Portanto, se duas mulheres forem diagnosticadas com o câncer de mama, é provável que a manifestação pelos sintomas ocorra de um jeito diferente em cada uma delas. Isso também se aplica ao tratamento, que é feito de modo particular, dependendo sempre do acompanhamento da paciente.

No corpo, novas células nascem, se multiplicam e morrem a todo instante. Ao longo da vida, muitas dessas células podem sofrer alterações e mutações. Algumas dessas alterações podem dar origem a células cancerígenas. De forma lenta ou rápida, essas células cancerígenas começam a se multiplicar de forma descontrolada, sem que o corpo perceba. Na medicina esse processo ganha o nome de câncer.

Luciana de Alcantara Nogueira é doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná e coordena o projeto de extensão Ações Educativas na Prevenção de Agravos à Saúde. Segundo ela, o câncer de mama possui uma origem multifatorial e mulheres com idades mais avançadas têm maiores chances de desenvolver a doença. “O motivo é que isso está relacionado ao acúmulo de exposição aos agentes cancerígenos ao longo da vida e às próprias alterações biológicas ocasionadas pelo envelhecimento”, explica.

“Cuide-se, ame-se, previna-se”

No último dia 4 foi lançada a 3º edição da campanha Paraná Rosa. A ação é organizada pela Secretaria Estadual de Saúde e pela Superintendência Geral de Ação Solidária (SGAS). O objetivo é promover a prevenção do câncer de mama e colo de útero em nível estadual e municipal, a fim de contribuir ainda mais com o movimento internacional Outubro Rosa.

O evento de abertura da campanha contou com a presença do governador do estado, Carlos Massa Ratinho Junior, da primeira dama do Paraná e presidente do Conselho de Ação Solidária do Paraná, Luciana Saito Massa, e com o secretário de Saúde, Beto Preto. O evento aconteceu presencialmente no Palácio Iguaçu, em Curitiba. No ano passado a abertura da campanha foi realizada remotamente, sendo transmitida pelo YouTube no canal da Secretária de Saúde do Paraná.

Em 2020, as ações realizadas pela campanha também foram adaptadas ao formato online. Dessa vez, com uma grande parcela da população vacinada em Curitiba, a principal ação será feita presencialmente – realizar encontros com lideranças da região é a principal iniciativa do Paraná Rosa. Esses encontros visam conscientizar e compartilhar informações que engajem na prevenção contra o câncer de mama e colo de útero dentro dos municípios.

Outras ações da campanha estão sendo agrupadas dentro do site Paraná Rosa e incluem informações sobre prevenção, cartilha de orientação, vídeos educativos, cronograma de encontro e eventos e até o “Desafio 21 dias”, que sugere hábitos diários de prevenção. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2020, a realização de exames de mamografia teve queda de 44,5% comparado ao ano anterior no estado do Paraná.

Como citado pela doutora Luciana Nogueira, o câncer de mama possui origem multifatorial. Isso porque as condições de risco para desenvolver a doença incluem: fatores endócrinos, comportamentais e genéticos.

“Dentre os fatores endócrinos, podemos relacionar a menarca precoce (quando a primeira menstruação ocorre antes dos 12 anos), a menopausa tardia e a primeira gravidez após os 30 anos. Com relação aos fatores comportamentais, estão incluídos a ingestão de bebidas alcoólicas, o sobrepeso, a inatividade física, a exposição à radiação, entre outros. Já nos fatores genéticos, podemos relacionar algumas mutações em determinados genes e também o histórico de câncer de mama na família”, ressalta.

“Tenho médicos abençoados que me mostraram a importância de não perder tempo”

Carine Leal, decoradora

A decoradora de festas, Carine Leal, 34 anos, foi diagnosticada com o câncer de mama em janeiro de 2021. Ela faz parte dos 66 mil novos casos apenas neste ano, segundo o Inca. A descoberta da doença começou em casa após um autoexame. Se apalpando, ela sentiu o primeiro e único sintoma, um nódulo na mama. “Foi um susto! Não tenho histórico, nem casos na família… Me faltou o chão”, conta. Com acompanhamento e orientação médica, ela começou a luta contra a doença o mais rápido que pôde.

A primeira parte do tratamento envolveu a cirurgia de mastectomia radical (remoção de toda a mama, linfonodos axilares e os músculos peitorais). Depois houve a realização de 16 sessões de quimioterapia seguidas por mais 15 sessões de radioterapia. “Durante o tratamento tudo se potencializa e as reações da quimioterapia são muitas. Entre a queda de cabelo, medo e dores, o maior desafio é a cabeça. É o desafio de não se deixar abater, não perder a fé e confiança na cura e não enlouquecer com tantas mudanças”, desabafa.

Segundo o INCA, homens raramente são acometidos pelo câncer de mama e representam apenas 1% do total de casos da doença. Foto/texto: Carine Leal. Cartaz: Lucas Daniel.
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