Com mais de um ano de funcionamento, Tubotecas fazem sucesso em Curitiba

As Tubotecas são abastecidas nas segundas, quartas e sextas-feiras no período parte da tarde e nas terças e quintas-feiras de manhã. Foto Paulo Lisboa/vc repórter.

Quem passa pelos tubos de ônibus da Praça Rui Barbosa, Praça Carlos Gomes ou da Estação Central certamente já notou a presença das Tubotecas nos locais. As estantes, que oferecem livros gratuitamente e sem qualquer tipo de burocracia para os usuários do transporte público, estão em funcionamento há mais de um ano, e mantêm uma boa aderência do público em geral.

A iniciativa surgiu a partir de três instituições: o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), a Urbanização de Curitiba (URBS) e a Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Maria Lúcia de Faria, funcionária da FCC e responsável pelas Tubotecas, conta que o objetivo principal era a disseminação da cultura em espaços públicos. “As Tubotecas servem para a democratização da leitura”, afirma.

As Tubotecas são abastecidas nas segundas, quartas e sextas-feiras na parte da tarde e nas terças e quintas-feiras de manhã (Foto: Paulo Lisboa/vc repórter)

Acervo e abastecimento dos tubos

Os títulos disponibilizados são variados, e o acervo, que no início do projeto contava com 1.000 livros, hoje chega a mais de 74 mil obras literárias. A maior porcentagem desse número veio a partir de doações. As prateleiras são abastecidas diariamente, com horários alternados para que se atinja uma variedade maior de pessoas. Mesmo assim, poucas horas após cada reposição, as estantes já se encontram totalmente vazias. Leonardo Moreira, estudante de Arquitetura na UTFPR, e frequentador do tubo do Pinheirinho na Praça Rui Barbosa fala sobre a sua experiência com os livros, e comenta que o fluxo de empréstimos e devoluções é constante. “Eu sempre pego ônibus no fim do dia, quando quase todos os livros já foram retirados, mas assim que é feita a reposição existem títulos bastante atrativos”.

As obras deixadas nos mobiliários urbanos, porém, estão sujeitas a sofrer alguns tipos de depredação. Antes de serem disponibilizados ao público, os livros passam por uma triagem, são feitos pequenos reparos para que estejam na melhor condição. Embora a maior parte das pessoas respeite e cuide do patrimônio, após algum tempo nas estantes pode-se perceber alguns danos. “O livro mais recente que eu emprestei estava rabiscado, as pessoas escrevem nos livros. Mas esse foi o caso mais grave que presenciei, pois geralmente todos respeitam e cuidam tanto das estantes quanto das obras”, comenta Leonardo Moreira.

Outro problema encontrado pela Fundação Cultural de Curitiba foi a doação de muitos títulos de cunho religioso. Notoriamente, os membros de algumas religiões simplesmente deixavam livros nas estantes, o que causava desconforto a usuários que não tinham as mesmas crenças. A solução, portanto, foi retirar todas as obras de caráter espiritual. “Trabalhamos somente com obras literárias, qualquer outro tipo de livro é repassado para instituições que irão aproveitá-lo melhor”, garante Maria Lúcia.

Empréstimos e devoluções

                A FCC não tem números exatos para a relação entre empréstimos e devoluções. O sistema não permite saber quantos livros foram realmente devolvidos às Tubotecas depois de terem sido lidos, e conta-se somente com o bom senso dos usuários. Uma forma de resolver esse problema, no entanto, já foi aprovada. Uma espécie de caixa-correio será posicionada embaixo das Tubotecas, para que as pessoas coloquem ali suas devoluções. Desse modo, será viável analisar com mais precisão o fluxo de obras que entram e saem.

O usuário da Tuboteca

                Todos os tipos de pessoas passam pelos tubos onde existem os mobiliários urbanos, e percebe-se que quase todas são atraídas pelo projeto. É difícil, portanto, traçar um perfil dos usuários da Tuboteca. Leonardo Moreira conta que percebe muitas pessoas idosas, mães,  filhos e trabalhadores retirarem livros. Além desses grupos, cobradores de ônibus e universitários também se utilizam bastante das obras.

Como doar livros

                As doações podem ser feitas em locais como o Bondinho da Rua XV, a sede da Fundação Cultural, no Largo da Ordem ou na Prefeitura de Curitiba. Também existe uma van de coleta que permite que funcionários encarregados busquem os livros na casa de quem deseja doar.

Há uma recomendação para que não se deixe simplesmente as obras na Tuboteca em si. “Todos os nossos livros são catalogados e registrados com um carimbo. Se o livro é deixado nas estantes, nós não temos nenhum controle sobre ele, o que facilita o furto ou a não-devolução”, explica Maria Lúcia.

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