Com pedigree ou não: animais de estimação inspiram cuidados e geram despesas

Galileu e Sócrates. De acordo com Luana, os dois se são muito bem (Foto: Acervo pessoal/Luana Prado)

Começou no dia 5 de março, no Reino Unido, a maior exposição de cães do mundo. A Crufts Dog Show reúne mais de 21 mil cães de 45 países diferentes. Durante quatro dias, eles participam de uma série de competições que avaliam quesitos como beleza, porte físico e agilidade. De acordo com Vandré Araújo, adestrador de obediência, guarda e competição, a preparação de um cão para essas provas pode chegar a R$ 3,5 mil. Mas não é somente no Reino Unido – e nem somente os cães de competição – que recebem altos investimentos de seus donos.

Luana Prado, de 20 anos, é estudante de medicina e tem o Sócrates, um cão da raça pug de apenas 11 meses, com quem gasta até R$ 500 por mês entre mimos, alimentação e veterinário. Um filhote da raça pode custar até R$2,5 mil, mas, apesar do preço alto, Luana optou por comprar. Segundo ela, todos os cães sem raça que teve não se adequaram dentro de casa, porque “sempre cresciam mais que o imaginado, mas com raça e pedigree é mais fácil controlar isso”.

Com as patas cruzadas, Sócrates aproveita um momento de descanso (Foto: Acervo pessoal/Luana Prado)

Os problemas de saúde dos pugs são específicos e ela já sabia qual seria o principal: “Quando Sócrates sai para passear e brincar tem que tomar cuidado pra que ele não se afobe e se afogue, porque tem problemas para respirar”. Nada disso, no entanto, gera gastos excedentes. “O que eu compro sempre são biscoitinhos para ele ficar roendo durante o dia e roupas novas, porque ele engorda muito rápido”, diz a estudante, que também tem o Galileu, um gato adotado. Luana preferiu adotar por achar que, com os gatos, não há o problema de raças e domesticação. “Eles são independentes. Só tem que castrar e manter dentro de casa para evitar que eles fujam.”

Galileu e Sócrates. De acordo com Luana, os dois se dão muito bem (Foto: Acervo pessoal/Luana Prado)

O outro lado

Andrey Sebastian, técnico de informática, 21, adotou Tushy, uma cachorrinha vira-lata. “Ela era de rua e tinha acabado de perder uma ninhada de 5 filhotinhos em meio a um inverno muito rigoroso”, por isso, ele e a mãe decidiram resgatá-la. Segundo Sebastian, a adaptação da Tushy foi bem tranquila e ela se tornou muito amorosa com todos, inclusive com as visitas.

Os gastos com a cadela, porém, são bem mais modestos. “Gasto em torno de R$60 ao mês, mesmo comprando ração mais cara e um shampoo bom para banhos quinzenais.” Sebastian também incentiva a adoção, por acreditar que “o número de animais de rua pode diminuir progressivamente se optarmos cada vez mais por resgates e adoções”.

Tushy tem entre 8 e 10 anos e tem esse nome em homenagem a uma menina de rua que a mãe dele conheceu (Foto: Acervo pessoal/Andrey Sebastian)

A coordenadora da ONG Tomba Latas de Curitiba, Carla Moraes, 46, conta que animais de raça também são abandonados. “Pessoas compram com criadores de fundo de quintal, que cruzam de forma desordenada – inclusive pai e filha -, que acabam gerando cachorros com problemas”. E, pela falta de conhecimento das raças, não há o cuidado adequado com os cães, que acabam abandonados.

Carla conta que teve a ideia de criar a ONG pela possibilidade de melhorar a estrutura e fortalecer o projeto. “Somos um grupo de protetoras independentes de Curitiba. Destinamos parte do nosso tempo e recursos para a proteção animal.”

Visão profissional

A psicóloga Teresa Bond, 53, acredita que a solidão e o status social são os grandes motivadores do investimento pesado em animais de estimação. “A mídia faz questão de inferir que uma vida perfeita, uma família perfeita, tem um cachorro perfeito”, acrescenta.

Serviço:

Quem quiser ajudar a ONG Tomba Latas ou adotar um cão, pode entrar na página do Facebook para mais informações. Sempre há organização de feiras de adoção e pedidos de ajudas e doações para realizar cirurgias em cães resgatados ou manter o projeto.

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