Danc e DCE sofrem prejuízos com a desapropriação de seus prédios

Sem reformas há pelo menos 2 décadas, o prédio do Danc oferece riscos à segurança dos alunos. (Crédito: Aléxia Saraiva).

Localizado na Rua Ébano Pereira, o Diretório Acadêmico Nilo Cairo (Danc)abriga encontros dos estudantes de Medicina há mais de 60 anos e não sofre grandes reformas há pelo menos 20. Desde 2010 o Diretório tem negociado com a Pró-Reitoria de Administração (PRA) uma reforma, mas nunca chegaram num acordo. Em dezembro de 2013, durante as férias, com o pretexto de consertar um vazamento no prédio, a Reitoria autorizou o arrombamento das portas à Sanepar. As fechaduras das portas foram trocadas e as chaves não foram entregues aos representantes do Danc.

Antes do arrombamento, a PRA tinha apresentado aos alunos uma proposta de desocupação do prédio. Carlos Eduardo dos Santos é membro da atual gestão do Danc e explica que os estudantes recusaram a proposta por não terem garantia de transferência para outro espaço equivalente ao diretório. “Depois do arrombamento, fomos transferidos para uma sala no Setor de Ciências da Saúde. O Danc está sofrendo prejuízos sem sua sede”, afirma. Segundo ele, foi feita uma reunião com o pró-reitor após o acontecido, na qual a gestão foi avisada que não receberia as novas chaves e que o prédio seria desocupado para reforma.

Para Rodolfo Bertoli, estudante de Medicina, o fechamento do prédio não afetou a rotina dos alunos porque era mal utilizado. Segundo ele, o Danc era frequentado apenas para reuniões acadêmicas e para os ensaios semanais da Medbloco, bateria do curso. “O fato foi agressivo e brusco; foi como um golpe. Mas achei que os estudantes ficariam mais irritados”, comenta.

Após a publicação de uma nota relatando o acontecido, o Danc recebeu o apoio dos centros acadêmicos de Direito (CAHS), Filosofia (Cafil) e Psicologia (CAP), além do Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar) e do Diretório Acadêmico de Engenharia do Paraná (Daep).

Sem reformas há pelo menos 2 décadas, o prédio do Danc oferece riscos à segurança dos alunos. (Créditos: Aléxia Saraiva).

O que diz a Reitoria

Segundo a PRA, em dezembro de 2013 a UFPR foi notificada pela Sanepar de que o prédio do Danc estaria gastando seis vezes mais água do que o normal por causa de um vazamento. Além disso, os bombeiros também precisavam fiscalizar o local, o que tornava necessária a visita. “Para poder ser feito o conserto era necessário acesso ao prédio, que ainda estava dificultado pelos horários dos alunos. Depois de muitas tentativas frustradas, foi decidido trocar o cadeado e voltar a manter o prédio sob a administração da reitoria, para que esse tipo de trabalho não fosse impedido”, explica José Clóvis Pereira Borges, pró-reitor de administração em exercício.

Borges também afirma que a reforma vai mexer com toda a estrutura do prédio: telhado, casa de máquinas, escadas, elevadores, e vai levar aproximadamente 18 meses. Depois de pronto, dois andares serão devolvidos ao Danc, um será para uso exclusivo dos alunos e o outro será destinado a um projeto que está sendo viabilizado com a Prefeitura de Curitiba. “Temos certeza que os alunos também concordam que a interdição é necessária. Por mais que agora pareça ser um inconveniente grande, pode se tornar algo muito maior se não for remediado enquanto há tempo”, declara.

E o DCE?

Em 18 de novembro passado, a gestão Quem Vem Com Tudo Não Cansa anunciou a entrega do prédio do DCE para a Reitoria por 2 anos para reformas. De acordo com a nota divulgada pela gestão, uma vistoria realizada pelo Corpo de Bombeiros de Curitiba apontou uma série de irregularidades que tornavam a utilização do prédio inviável, e ele foi interditado.  Com a entrada da nova gestão O Novo Pede Passagem, a decisão foi revogada após uma assembleia realizada em dezembro.

A estudante de Psicologia e membro do DCE, Nicole De Freitas Firkowski afirma que interditar o prédio do DCE não demonstra interesse da Reitoria em cuidar da segurança. “Em diversos lugares essa ‘retirada para reforma’ ocorreu e os prédios não voltaram mais para os estudantes. A interdição do prédio é mais um ataque ao movimento estudantil, diminuindo e dificultando nossos espaços de organização. Achamos, sim, que o prédio deve ser reformado, mas não iremos entrega-lo sem termos garantido um espaço temporário equivalente ao atual”, explica.

Após uma deliberação do Conselho de Entidades de Base (CEB), o espaço voltou a ser utilizado para festas. A atual gestão tem tentado marcar uma reunião com a PRA para a discussão do assunto, mas ainda não tiveram resposta oficial.

 

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