Nas escadarias do Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), local conhecido por ser símbolo de manifestações marcadas na história da capital paranaense, ocorreu em agosto desse ano, o ato “Meu Brasil Brasileiro”. Coordenada pela Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná (OAB-PR), a manifestação reuniu em torno de 60 representações da sociedade civil. Os manifestantes marcharam até a praça Osório em prol da soberania nacional, pela autonomia do povo brasileiro e dos três poderes que regem a democracia do país.
Com mais de mil manifestantes presentes – segundo afirmação da organização do evento – o ato foi marcado por cartazes e faixas em resposta às taxas impostas pelos Estados Unidos a diversos produtos nacionais. A tentativa de interferência do Presidente norte-americano, Donald Trump, trouxe discussão sobre o conceito de “soberania nacional” e levou diferentes gerações às ruas.
O ato teve início às 17h e fim às 20h, um horário favorável para os trabalhadores que passavam pelo centro da cidade. Carol Dartora, deputada federal esteve presente no ato e salientou a importância das questões defendidas pelos manifestantes: “espero que esse ato, seja um start (início) justamente para levar esse debate as escolas e nos postos de trabalho. Para que o povo brasileiro saiba o que está em risco, o que significa o tarifaço, e esse ataque do Trump ao nosso país”.

Daniel Godoy Junior, advogado e presidente do Instituto Pró Democracia Sempre (Iprodes), entidade a frente da organização do ato afirma: “a soberania diz respeito a você ter a sua autodeterminação, você decidir sobre a sua própria vida. Então, estamos falando em questão ao país, que possamos ter uma autonomia em relação ao destino e nos interesses de nosso povo”.
Godoy também declara que, a participação dos movimentos sindicais trabalhistas, das organizações e entidades política e dos movimentos estudantis e culturais, causam impacto na defesa da democracia, em memória dos que estiveram na luta contra a ditadura militar.
Defesa da Soberania
Entre as ações, que geram debate sobre a fragilidade da soberania, estão a invasão dos três poderes, nomeada “8 de janeiro”, e orquestrada para realização de um golpe de estado, por políticos e militares ligados a partidos de extrema Direita. Entre os envoltos a trama, estão o Ex-Presidente, Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que cumpre pena de 27 anos e 3 meses, na sede da polícia Federal em brasílias, sob regime fechado. Como um dos líderes da trama, seu julgamento conta com cinco crimes, entre eles estão:
- golpe de Estado;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- organização criminosa armada;
- dano qualificado pela violência e ameaça grave.
- deterioração de patrimônio tombado.
Outra consequência para a defesa do país se dá pelo “tarifaço”, que refletiu em taxações de 50% sobre a importação de produtos brasileiros, agora reduzida a 40%, causada por motivos ideológicos e políticos, como o julgamento de Bolsonaro, ainda em andamento na época, afetando as empresas e a economia do país.
Além disso, implementação da Lei Magnitsky – utilizada como punição aos estrangeiros que feriram gravemente os direitos humanos – com sanções que bloqueiam bens e impedem qualquer transação monetária entre empresas dos EUA e o Ministro do STF, Alexandre de Moraes.
UFPR e Meu Brasil Brasileiro
“Não podemos estar subordinados a uma potência ou outra, a interesses outros que não os interesses nacionais.”
Mário Messagi Júnior, chefe de gabinete da UFPR
A mobilização “Meu Brasil Brasileiro” foi realizada após a ação “Soberania não é apenas um conceito jurídico; é a expressão mais concreta da liberdade de um povo de decidir seu próprio destino”, organizada semanas antes pelo movimento estudantil da UFPR, também ocorreu no Prédio Histórico, preenchendo todo o Salão Nobre com cerca de 400 pessoas.
Mário Messagi Júnior, professor e chefe de gabinete da reitoria da UFPR, detalha que a falha na defesa da soberania, pode afetar diretamente a produção do ensino e no desenvolvimento da pesquisa para os acadêmicos da instituição: “precisamos ter soberania na manutenção e na manipulação dos nossos dados, das nossas pesquisas. Não podemos estar subordinados a uma potência ou outra, a interesses outros que não os interesses nacionais” pontuou.


