Para André Tavares, skatista que vive do esporte desde 2005, essa transformação representa o resultado de uma longa trajetória de resistência. “Em 88, o prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, proibiu o skate. E aí teve todo um bololo, vários protestos, várias coisas e aí depois de um tempo, a galera começou a voltar com muita força”, conta. André comenta que atualmente a visão é diferente, mais pessoas incentivando e apoiando a prática, não mais criminalizando e colocando como “marginalidade”. “A sociedade, através das Olimpíadas, através de toda essa imersão que o esporte chegou e vem desenvolvendo, vem trazendo essa visão. Hoje em dia é muito mais tranquilo visto pela sociedade”, afirma André
A nova geração confirma essa mudança, principalmente após o surgimento de grandes talentos como Rayssa Leal, que influencia meninas por todo Brasil. Em Curitiba isso não é diferente Júlia Souza, 14 anos, que começou a andar inspirada pela medalhista olímpica. “Eu vi a Rayssa na televisão e quis ser como ela. Ganhei meu primeiro skate no Natal de 2024 e desde então não largo mais, tô sempre pelas pistas”, relata.
Curitiba também fortaleceu seu cenário profissional. A cidade sediou em 2024 o Paraná Skate Pro Park, realizado no Complexo Tarumã, que distribuiu mais de R$50 mil em premiações e mais recentemente a STU, um dos maiores campeonatos nacionais. A revitalização de pistas públicas, como da Praça José Luiz Franceschi, no Sítio Cercado, as melhorias na pista do Gaúcho e o crescimento do público na Love City. Prestigiando não só as manobras, mas eventos e vídeos realizados no local, Gianderson Dozoretz, skatista e fã do esporte comenta sobre a evolução das pistas e do cenário atual: “As pistas estão cada vez melhores, e os eventos maiores a cada ano, ver os caras de perto, e toda essa rapaziada vindo pro esporte é o que dá mais vontade de continuar”.
Bruno Felipe, skatista profissional de Curitiba, vê esse apoio como essencial. “Hoje em dia os pais querem ver os filhos praticando skate, apoiam e investem. Curitiba sempre foi o celeiro do skate que apresentou grandes nomes e lendas vivas; ultimamente estão saindo pistas públicas boas e isso ajuda em uma melhoria em evolução e praticantes”, destaca. Bruno ainda ressalta a falta de apoio das marcas, mas se vê positivo com esse cenário crescendo a cada dia.
O movimento em Curitiba mostra que a atividade deixou de ser vista como prática marginalizada e se firmou como esporte de massa, com espaço para profissionais, amadores e iniciantes. A combinação de ídolos olímpicos, eventos locais e novas pistas públicas faz da cidade um dos principais pólos do skate brasileiro, atraindo cada vez mais jovens para as ruas e parques, e dando espaço e acessibilidade para criação de novos talentos.
