sex 29 mar 2024
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Empresas de ônibus readequam função de 1 mil cobradores

Enquanto tarifa de ônibus sobe para R$ 5,50 na próxima semana, trabalhadores se sentem inseguros com mudanças causadas por bilhetagem eletrônica. Das 254 linhas urbanas de Curitiba, 148 já são exclusivas para pagamento com cartão transporte

Com ônibus lotados e cargos vazios, o sistema de transporte coletivo de Curitiba tem passado por mudanças importantes. Pelo menos 1 mil trabalhadores das empresas de ônibus da capital foram remanejados do cargo de cobrador após a prefeitura decidir que o serviço, por envolver dinheiro, causa insegurança. Das 254 linhas da cidade, 148 já estão operando apenas com cartão transporte. Em março, a tarifa, congelada há três anos, deverá aumentar para R$ 5,50, um reajuste de 22,2% em relação aos atuais R$ 4,50.

O projeto de lei para a exclusividade da bilhetagem eletrônica foi proposto em 2018, pelo prefeito Rafael Greca (DEM), e aceito pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de Curitiba no ano seguinte. Como medida de ajuste, a condição seria uma mudança gradual – motivo pelo qual a partir do mês passado foram incluídas mais 18 linhas na exclusividade do pagamento em cartão, totalizando 148 em Curitiba. De acordo com a Urbanização de Curitiba (URBS), responsável pela gestão do transporte coletivo, o cartão já era o principal meio de pagamento nessas 18 linhas, com 73% de participação.

Segundo o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, com o pagamento exclusivo por cartão, 1 mil trabalhadores foram remanejados ou aposentados. Aqueles que se mantiveram dentro das empresas foram transferidos para as funções de motoristas, despachantes de tráfego ou serviços internos. Ele ainda acrescenta que, pensando no futuro e nas consequências dessas alterações, pode-se destacar uma maior dificuldade nas atividades dos motoristas, porque ele não terá mais o cobrador para auxiliá-lo. “Algumas eventuais demissões que ocorreram foram passadas ao sindicato para que analisássemos os motivos e pudéssemos atuar em defesa destes trabalhadores”, relata.

“Trabalhei por 33 anos como cobradora na Auto Viação Mercês, empresa contratada pela URBS, e fui afastada logo no início da pandemia, por ser do grupo de risco, já que tenho 67 anos. Durante todos esses anos trabalhando lá não tive nenhuma reclamação a fazer, mas agora estou afastada e, provavelmente, não vão me chamar mais, por causa de agora só estar entrando o método exclusivo do cartão”, comenta Iolanda Maria Ponchek. Ela ainda complementa não está claro o futuro dela na empresa, mas que espera uma rápida resolução.

Já o cobrador Valdevino da Rocha, de 53 anos, reafirma a posição delicada na qual os trabalhadores de transporte público estão, já que as linhas que passaram por ajuste realocaram os cobradores para estações-tubos e outras funções dentro dos terminais, mas algumas delas são posições provisórias. Segundo ele, os trabalhadores esperam por uma resposta já após o feriado de carnaval (01/03), quando deverá ocorrer um aumento da tarifa do transporte. Além disso, os trabalhadores esperam também uma posição da URBS, que ainda não se pronunciou sobre os recentes ocorridos.

Segundo a proposta do Executivo, em declaração ao portal Bem Paraná, a bilhetagem eletrônica é uma ação tomada para facilitar e agilizar o dia a dia no transporte público. Em 2018, quando a medida começou a ser discutida, a decisão não foi vista da mesma maneira pelo Sindimoc, que ressaltou o desemprego em massa como uma consequência da alteração proposta pela URBS.

Louize Lazzarim
Estudante de Jornalismo da UFPR.
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Estudante de Jornalismo da UFPR.
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