A fotografia, embora encarada por muitos como hobby, já conquistou seu espaço como arte e sua presença no mercado de trabalho cresce cada dia mais. Um número grande de pessoas tem procurado cursos e graduações para seguir a carreira de fotógrafo, mas com tantas vertentes, há quem acabe ficando em dúvida em arriscar na profissão.
O fotógrafo documental Gil Sibin não encara a fotografia só como trabalho. “A fotografia é uma das artes que vem sendo cada vez mais valorizada pelo mercado”, afirma. Ele conta que, em 2011, uma foto panorâmica do rio Reno, registrada pelo alemão Andreas Gursky, tornou-se a foto mais cara já vendida na história, superando, inclusive, o preço de obras clássicas da pintura. Para o fotógrafo, tal fato demonstra a valorização que a fotografia tem tido nos últimos tempos.
Sibin retornou a poucos dias de Portugal, onde inaugurou mais uma exposição. Hoje, ele trabalha com imagens que transitam entre a tradição e o contemporâneo. “Gosto de abrir espaço para que o olhar trafegue entre o real e o fabuloso, a imagem e o desenho, convidando o observador a dialogar com a obra, a partir de suas próprias referências estético-sensoriais”, explica o artista.
No entanto, a fotografia documental é apenas um dos diversos caminhos a serem seguidos na arte. Outra vertente que tem contato com o mundo artístico é a fotografia de moda. Pablo Dario Contreras é profissional da área e explica que o maior prazer que sente ao fotografar é o de poder criar. “O fotógrafo é um artista apressado. Gosto de viajar e fazer arte por onde eu vou”, conta ele. Contreras também relata que na fotografia de moda é preciso planejar tudo muito bem e estar afiado com sua equipe, pois a produção também tem que estar como o planejado. O fotógrafo conta, ainda, que o salário na moda varia muito e que não depende só da qualidade do profissional, mas também pelas escolhas de trabalho que ele decide fazer.
Outra forma de profissionalização da arte é a fotografia de eventos. Carol Sábio fotografa casamentos, área em que o salário também pode variar conforme o profissional se posiciona no mercado, girando entre R$ 1.000,00 e R$ 30.000,00. Para ela, o maior prazer da fotografia é capturar momentos únicos que não se repetem mais. “Registrar esses acontecimentos de uma forma diferente e com beleza é desafiador, e eu adoro”, destaca. Carol ainda ressalta que começar na fotografia não é fácil e exige muito empenho do profissional. Para ela, os profissionais em potenciais nunca acham que estão prontos, mas é preciso arriscar com responsabilidade. “Você só se tornará profissional, fotografando”, aconselha a veterana.
Começar na profissão também é encarado como a maior dificuldade por Valterci Santos, fotojornalista. “Não é fácil porque hoje o mercado está inchado, mas, com certeza, quem sabe fazer direito tem o seu espaço”, explica. Santos diz que estar todos os dias em lugares diferentes, com pessoas e culturas distintas, é o que mais o fascina na profissão. Para ele, a humildade é a característica mais importante no profissional. “Ninguém suporta um fotógrafo achando que sabe tudo e na hora apresenta um material de baixa qualidade”, confessa. Santos começou no fotojornalismo ainda dentro da redação de um jornal, mas diz que o mais rentável é trabalhar como freelancer, recebendo em torno de R$ 3.500,00 por mês.
Rodolpho Pajuaba também já atuou como fotojornalista, mas hoje trabalha com fotografia publicitária – que, segundo ele, é a área com o salário mais valorizado – além de dar aulas de fotografia desde 2005. Pajuaba foi convidado para lecionar por se especializar em tecnologia digital. Nas aulas, a predominância é dos jovens, mas sempre tem algum aluno com mais de 50 anos. A pergunta mais frequente é que câmera comprar, mas também surgem questões relacionadas ao ganho do serviço, como conseguir clientes e entrar no mercado. “Posso dizer que o que um aluno precisa mais é de atitude. Aceitar trabalho onde a maior remuneração será a experiência, experimentar novas técnicas, mudar de ambiente”, explica o professor. O fotógrafo também comenta que já é possível observar nos alunos as áreas que vão seguir, pois cada um já interpreta o trabalho de um jeito, uma visão diferente.
Michele Contesini está fazendo um curso para se tornar fotógrafa profissionalmente. A futura profissional do ramo já entrou no curso interessada na área de moda. Para Michele, o curso abriu sua visão quanto à profissão. “Vejo que o fotógrafo é um poeta, um artista, e isso me interessa muito. Cada olhar tem suas peculiaridades e seus valores”, afirma. A aluna também fala sobre a necessidade do fotógrafo não se prender somente ao curso, mas ter um olhar voltado para as artes e construir suas referências. O pensamento da estudante se assemelha com o de Contreras, que considera os cursos essenciais, mas destaca que é importante construir uma base artística. “Também é fundamental ir ao cinema, ao teatro ao museu, ler todo tipo de coisa e viajar”, afirma o fotógrafo de moda.
Segundo a maioria dos fotógrafos, os salários variam muito de área para área, além de serem relacionados com outras circunstâncias, como a qualidade do material apresentado. O que todos concordam é que a fotografia não é apenas um conjunto de técnicas, mas uma arte na qual o profissional precisa sempre buscar criar olhares diferentes, construir o seu diferencial e se dedicar ao fazer o que gosta. “Os melhores ensaios são, invariavelmente, uma junção dos aspectos técnicos e a sensibilidade artística. É preciso procurar desenvolver simultaneamente as duas competências”, finaliza Sibin.