Guardas municipais são acusados de abordagens violentas

De acordo com o diretor da Guarda Municipal, Carlos Frederico de Carvalho, os integrantes da GM foram instruídos a não agir de maneira repressiva.

O ano de 2014 foi marcado por mudanças na Defesa Civil de Curitiba. Dentre elas, o anexo do Departamento de Políticas sobre Drogas ao órgão e o redirecionamento das abordagens dos setores da Defesa. Se, antes, o Departamento e a Guarda Municipal – parte integrante da Defesa Civil – agiam de modo mais ofensivo, agora procuram um foco mais humanitário. Porém, para muitos, o sucesso dessa transformação é questionável.

“Para a parede vagabundo!”

Dia 22 de abril, por volta das nove da noite. Quando o estudante do quinto ano de direito, Andre Thomazoni Pessoa Silva, saía de um campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), uma abordagem da Guarda Municipal de Curitiba começava a ser feita na Praça Santos Andrade.

Segundo o universitário, os guardas começaram uma revista em um morador de rua e, na sequência, desceram cacetadas e pontapés na pessoa. Dentre berros e gritos, André ficou incomodado e começou a gravar a postura dos Guardas Municipais.

No vídeo – bastante divulgado nas redes –, é possível verificar a postura ostensiva dos guardas para com o estudante, a justificativa da abordagem – “portar maconha não está liberado” – e as ameaças de prender André por desacato, pois o universitário estaria atrapalhando a abordagem. Um GM ainda teria desferido termos de baixo calão para que André cessasse sua filmagem documental.

De acordo com Claudio Frederico de Carvalho, Diretor Geral da Guarda Municipal de Curitiba, a finalidade da Guarda Municipal é atender à população da cidade e fazer o policiamento cidadão. “Aquela situação que vivíamos nos anos 80, ‘para parede vagabundo!’, não existe mais. Ninguém é vagabundo. A postura da abordagem tem de ser firme, mas com respeito”, explica.

De acordo com o diretor da Guarda Municipal, Carlos Frederico de Carvalho, os integrantes da GM foram instruídos a não agir de maneira repressiva. / Foto: Divulgação

Contudo, não é o que parece ter acontecido com o estudante de psicologia da UFPR Mateus Landoski Lewin. Ele revela que presenciou uma abordagem violenta da GM quando um dono de uma barraca de cachorro-quente brigava com um morador de rua.

“Aí chegou o GM, discutiu com os dois, não quis nem saber o que estava acontecendo. Foi tipo: ‘O que você está fazendo aqui, vagabundo?’ Muito brutal. Deu um tempo, chegou uma Kombi lotada de GMs. O morador da rua estava querendo ir embora”, conta.

“Nós pedimos pra eles não serem tão truculentos, a situação realmente não pedia”, afirma Mateus.  Segundo o relato, um dos GMs teria sacado a arma e apontado para o estudante e seu amigo que o acompanhava.

“Não sei se eles têm permissão para isso ou não. Totalmente truculentos e despreparados. Se por um lado a gente reclama que a polícia militar é militarizada, esses caras aí são potencialmente piores. É exigido deles uma postura militar que não é treinada. Acompanhamos o morador depois por um tempo para ter certeza que eles não iriam seguir ele”, finaliza.

Frederico esclarece para o Jornal Co:::unicação que os Guardas Municipais têm um treinamento que equivale a 1200 horas de formação e mais 80 horas de reciclagem anual “para ele reaprender algumas condutas e evitar o exagero”, nas palavras do diretor.

“Casos onde tenhamos denúncias nas quais houve excesso, ela será apurada e a punição será aplicada. Nossa ideia não é quantidade e sim qualidade”, avalia Frederico.

O número para denúncias é o 153. Caso sofra ou presencie alguma situação de abuso, ligue e denuncie.

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