Curitiba é nacionalmente conhecida como alheia ao carnaval. A ideia de que a maior festividade brasileira é repelida na capital paranaense foi, de certa forma, planejada. Por trás dos comentários irônicos na mídia tradicional, dos memes nas redes sociais e da piada do desgosto aleatório pelos bloquinhos, uma questão mais profunda e nada arbitrária é mascarada: a segregação racial em Curitiba.
E é esse o ponto que o radiodocumentário Quem não gosta de carnaval que vá para Curitiba disseca. Por meio de narrativas de quem resiste à privação da festa e de quem estuda e traz à tona essa história escondida, o material retrata a velha tentativa de apagamento da história negra paranaense. Entre as entrevistas, o autor do livro “Colorado: a primeira escola de samba de Curitiba”, João Carlos de Freitas, perpassa a consolidação da festa na cidade.
Além do histórico da festividade em Curitiba, o radiodocumentário revela meios pelos quais o carnaval curitibano recorre para resistir. Muitas manifestações populares e carnavalescas encontram no Pré-Carnaval um espaço à margem da festa nacional, por exemplo. Nessa brecha, conseguem superar a falta de apoio do poder público e crescem em público a cada ano abraçando uma possível demanda por uma celebração voltada às camadas populares, retomando o centro.
“Carnaval é uma criação do povo. Foi, é e será sempre uma criação do povo”, afirma João Carlos de Freitas.
O material foi produzido em 2023 por Isabelle Gesualdo, Joana Tápea, Louize Lazzarin, Marina Anater, Murilo Bernardon e Paola Silva, com a orientação da professora Rosangela Stringari, o produto foi elaborado para a disciplina de Laboratório de Radiojornalismo 1.
Confira o material completo abaixo: