Jogo criado por alunos da UFPR ajudará no desenvolvimento de crianças autistas

Aplicativo está sendo desenvolvido para aparelhos celulares com Android Foto: Divulgação/PET Computação
Aplicativo está sendo desenvolvido para aparelhos celulares com Android
Foto: Divulgação/PET Computação

No começo do ano, os alunos participantes do PET de Computação da UFPR começaram a criar um jogo que auxiliasse crianças de seis a dez anos de idade com autismo. A sugestão de trabalhar com esse público surgiu de uma ex-participante do projeto que tinha contato com autistas. Eles desenvolvem o jogo chamado J.A.P.A, Jogo de Apoio Psicológico para Autistas.

Para a criação e o conteúdo dessa plataforma, os estudantes entraram em contato com a psicóloga Cristiane Dluhosch, que orientou a utilização de exercícios e temáticas baseadas no método Sonrise. Esse método funciona através de recompensas e usa o que a criança autista preferir, sejam objetos, desenhos ou outras coisas. Cristiane fala dos resultados que esse método causa: “Quando você faz isso, ajuda ele, ele entende que consegue fazer as coisas e que as coisas que ele precisa fazer podem ser prazerosas. Porque as crianças autistas são hipersensíveis a sons, imagens e toques, então poucas coisas dão prazer a elas”.

A participante do projeto Ana Vilela Silva explica como foi a orientação com a psicóloga e as necessidades supridas no jogo em relação ao conteúdo que deveria ser utilizado: “A gente pegou a orientação dela para saber que tipo de habilidades a criança tinha que desenvolver ao longo do jogo. Tanto como chamar a atenção quanto, por exemplo, identificar expressões faciais, que ela falou e achou que era importante trabalhar”, ressalta.

O jogo contará basicamente com quebra-cabeças de vários níveis de dificuldade para as crianças explorando vários campos importantes no desenvolvimento dos mesmos. Ele está sendo desenvolvido para celulares com o sistema operacional Android.

Este foi o maior desafio da equipe, pois é uma plataforma nova e mais difícil de trabalhar, como relata Ana: “Acho que (o maior desafio) foi se adaptar à ferramenta. Porque a gente quis usar uma plataforma de trabalho diferente, que é trabalhar com jogos para Android. Não é uma coisa que a gente aborda naturalmente na faculdade, então a gente teve que estudar por fora pra se desenvolver”, afirma.  A previsão dos participantes do PET de Computação é de que o jogo seja terminado e lançado no meio de 2016.

Autismo

O autismo é um transtorno de comportamento, que pode ser de origem genética ou biológica. Não há um diagnóstico simples para o transtorno, mas é notado por sintomas gerais. A criança, desde muito nova, pode não apresentar contato visual com a mãe, demorar em aprender a falar e andar ou não querer falar. Evita o contato com pessoas e se irrita ou se incomoda com esses contatos.  Geralmente ocorre mais em meninos e em crianças. Para um diagnóstico seguro, são recomendados sempre dois ou mais especialistas para avaliar a pessoa e dizer se ela realmente é autista.

Há três níveis de autismo que são considerados nas avaliações médicas. Uma pessoa pode ter autismo leve, moderado ou grave. Nos casos mais leves, o indivíduo consegue se expressar e, através do tratamento e acompanhamento com especialistas, convive  socialmente sem se sentir incomodado. Já existem casos mais graves aonde a pessoa se comunica menos ou nem se expressa. Há dificuldades motoras e os fatores externos, como sons e interações pessoais tendem a mudar o temperamento da pessoa com autismo.

Apesar da sociabilidade e comunicação poderem ser afetadas pelo autismo, muitos autistas têm uma inteligência acima do normal, com tendência a serem superdotados em uma determinada área do conhecimento.

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