Março é o mês de comemoração do Dia Internacional da Mulher. Em Curitiba, três iniciativas, em específico, aproveitaram a arte para expressar admiração ao feminino do nosso dia a dia, também sendo uma forma de divulgar e reconhecer o trabalho artístico de várias mulheres.
O espetáculo poético Lado M, organizado pelo grupo de pesquisa Mulheres e Produção Cultural, apresentou, no dia 08, a multiplicidade feminina em forma de versos escritos por poetisas. A programação especial da Cinemateca de Curitiba, realizada do dia 06 a 15, reuniu filmes focados em mulheres – como Brasileiras, de Paula Gaitán. A exposição Mirada de Gênero: A Perspectiva Feminina, do Museu Municipal de Arte (MuMa), que vai até 25 de maio, reuniu obras feitas apenas por mulheres, assim como rodas de leituras, no intuito de promover também a reflexão de que a expressão artística independe do gênero.
(foto: Fernanda Tieme Iwaya)
Em mãos femininas
As opiniões sobre a representação feminina no meio artístico podem ser muitas, mas não se divergem tanto: estamos ganhando cada vez mais representação, e das melhores. “Eu acredito que a arte é uma das áreas em que a mulher melhor está representada”, diz o geólogo Pedro Duarte, de 43 anos, que foi prestigiar todos os filmes da programação especial da Cinemateca. Se considerarmos a época em que vivemos, podemos reconhecer a grande feminilidade envolvida no mundo artístico em geral. “Como em todas as áreas de trabalho, as artistas estão em um número muito maior do que já existiu antes”, conta a psicóloga Ana Veiga, de 50 anos, durante visita à exposição do MuMa.
Para a escritora Eliziane Nicolao, 39, apreciadora do espetáculo poético, apesar de as mulheres ainda terem menos oportunidades, contamos com uma boa representação cultural. “Podemos observar que cada vez mais as mulheres estão lutando e ampliando espaço nas produções artísticas. E quando as mulheres ‘fazem acontecer’, como estas do espetáculo, acredito que estamos muito bem representadas”, explica, referindo-se ao Lado M. Sobre a percepção de gênero, a psicóloga Ana Veiga e a artista visual Fran Ferreira concordam que não se diferencia obras de homens e mulheres apenas no olhar, pois cada um tem suas particularidades.
O olhar da artista
“Sou poeta e autora de livros infanto-juvenis com temática ecológica, tenho 44 anos e sou de Foz do Iguaçu”, essa é Alexandra Barcellos, do elenco do espetáculo Lado M. Ela também é uma das organizadoras do projeto poético “Meninas que Escrevem em Curitiba”, que conta com a participação de 134 poetisas. Alexandra reconhece o papel da mulher dentro do mundo artístico e acredita que o apoio do mundo feminino propriamente dito é o que dá forças às mulheres desse meio. Em uma lista de dezessete nomes de poetisas que aprecia, a polonesa Wislawa Szymborska é quem mais cativa a escritora, por ter uma temática política muito admirável. “Minha inspiração depende do momento. Gosto de escrever poesias românticas e líricas, e políticas também, essas são um grito de liberdade”, conta. “Com certeza a minha feminilidade infiltra-se em tudo que escrevo, seja na poesia ou em meus livros”, diz ainda.
Já a artista visual Fran Ferreira não considera sua feminilidade um fator totalmente determinante de suas obras. Ela acredita que a influência de gênero pode ser percebida, mas em ocasiões especiais, e ainda diz: “minha masculinidade também influencia, tudo em mim influencia”. Fran Ferreira também acredita que as mulheres conquistaram seu espaço hoje, e, mesmo considerando que ainda estamos muito atrasadas em relação aos homens, se sente favorecida e muito bem representada. “Sou muito privilegiada de poder viver nesse tempo, posso conviver e fazer muitas trocas com mulheres da arte”, explica. A artista conta com diversas referências para com seu trabalho, podendo elas serem femininas ou não, e possui um apreço pela poetisa Ana Cristina Cesar.
(foto: Decio Romano)