O movimento “O Pátio é Nosso” dos alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se reuniu com a administração na última quarta-feira (6) para discutir o futuro da área externa da Reitoria. O objetivo do grupo é melhorar a infraestrutura e promover a ocupação do espaço, considerado pelos universitários como o principal local de socialização do campus.
Entre os problemas destacados pelos estudantes para a Pró-Reitoria de Administração (PRA) estão a falta de segurança e a utilização do pátio como estacionamento de carros de uso particular. Os alunos reclamam que, além dos veículos oficiais da faculdade, muitos motoristas que não são ligados à UFPR ocupam a área, para evitar o Estar.
“Essas reivindicações não são novas. Desde a década de 1980, o movimento estudantil luta para que o pátio da Reitoria seja um espaço exclusivo dos alunos”, explica Julia Laurentino, membro do Centro Acadêmico de Ciências Sociais e representante do movimento. Segundo ela, o uso do espaço por terceiros dificulta ainda mais a realização de atividades de entretenimento e de cunho político pelos estudantes (como encontros, congressos acadêmicos, organizações culturais ou ações esportivas), que já sofrem com a burocracia da instituição.
O movimento “O Pátio é Nosso” também se preocupa com a atual política de segurança do espaço. “Os seguranças estão aqui para cuidar do patrimônio público, mas ao invés disso cuidam apenas dos carros. Muitas vezes, eles reprimem certos comportamentos dos alunos como, por exemplo, casais homossexuais estão no pátio se beijando”, conta Julia.
Outro ponto da pauta é o aumento do bicicletário e a criação de um estacionamento específico para as motos, meio muito usado pelos estudantes e que, atualmente, também são deixadas no pátio.
Negociação
Além das atividades recreativas e de ocupação incentivadas pelo movimento, como o campeonato de “ogroboll” e bets, os universitários já entregaram ofícios com as reivindicações para o Setor de Humanas e de Educação, para a PRA e para a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE).
Na reunião da semana passada, o pró-reitor da PRA, Álvaro Pereira de Souza, apresentou as ações que a universidade pode tomar e negociar com o movimento. A administração se comprometeu, primeiramente, a proibir a entrada de carros particulares no pátio. “A Universidade nunca concordou com o estacionamento de veículos na área, mas temos uma dinâmica complicada pela grande quantidade de estudantes. O que tem que ser feito agora é a redução do número de carros de serviço da UFPR”, explica Álvaro. Propostas como a abertura de vagas oficiais nas ruas ao redor do campus para esses veículos e a isenção do Estar para os alunos vão ser discutidas com a Prefeitura de Curitiba.
Os órgãos da Universidade ainda esclareceram a dificuldade de reformar o local para melhorar a acessibilidade para deficientes físicos e garantir a instalação de saídas de emergência. “São necessárias adaptações e existem projetos para isso. O nosso maior problema é a liberação das obras, já que os prédios, por serem da década de 1950, são tombados”, completa o pró-reitor.
De acordo com Álvaro, mudanças significativas devem acontecer até o final de 2014, mas obstáculos podem impedir a contemplação de todos os pontos da pauta. “O movimento é uma consequência natural dos problemas encontrados. Nós estamos abertos às propostas, mas temos que considerar sempre todos os envolvidos”, conclui.