“Acho que todos os círculos científicos em que eu ando são, infelizmente, dominados por homens”, comenta Elisa Orth, pesquisadora, professora do Departamento de Química da UFPR e uma das sete ganhadoras do prêmio Mulheres na Ciência 2015. O prêmio é uma iniciativa da L’Oréal Brasil em parceria com Unesco Brasil e com a Academia Brasileira de Ciências (ABC). A professora Elisa foi reconhecida por suas pesquisas voltadas ao desenvolvimento de catalisadores – substâncias que aceleram reações químicas – que podem atuar em duas vertentes: no corpo humano, auxiliando na resolução de problemas genéticos ou em armas químicas, visando destruir substâncias tóxicas.
A percepção de Orth acerca da predominância masculina nos ambientes científicos pode ser comprovada por números: ainda que mulheres já componham 49% dos pesquisadores cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Academia Brasileira de Ciência conta com apenas 13,5% de mulheres — número muito semelhante ao de professoras no corpo docente do Departamento de Engenharia Mecânica (Demec) da UFPR, onde apenas 13,3% dos docentes são do sexo feminino: há 52 professores e só 8 professoras.
As mulheres que conseguem entrar no mundo da ciência sofrem preconceito. O bioquímico Tim Hunt, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia 2001, fez o seguinte comentário durante uma convenção em Seul, na Coreia do Sul: “Três coisas acontecem quando há mulheres no laboratório: você se apaixona por elas, elas se apaixonam por você e elas choram quando são criticadas”. Depois de ser duramente criticado por seu comentário o cientista pediu demissão do cargo de professor honorário na University College London (UCL).
Mulheres incentivando mulheres
Há esforços sendo feitos no sentido de incentivar a participação de mulheres no campo científico. Além de servir de modelo devido às suas conquistas, Elisa Orth participa do projeto “Meninas e Jovens Fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação”, programa da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR) em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o CNPq e a Petrobras. No projeto, professoras cientistas vão às salas de aula de colégios públicos falar sobre ciência para meninas entre 15 e 16 anos. O projeto prevê a oferta de bolsas juniores e visitas aos laboratórios das Universidades, estreitando o contato das meninas com a ciência. “Essas políticas são bem importantes e neste sentido não só com mulheres, mas principalmente com mulheres porque existe mais esse estigma” ressalta a professora Elisa.
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