qui 28 set 2023
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Olhar Retrospectivo apresenta “O grande golpe” de Kubrick

Quando estreou pela primeira vez em 1956, “O grande golpe”, apesar das criticas quase unanimemente positivas, não foi um grande sucesso. E mesmo agora, ao passar em versão restaurada no Olhar de Cinema, o filme infelizmente não teve a repercurssão que merece. Cerca de apenas metade das cadeiras da sala estavam ocupadas, provavelmente devido ao fato de a sessão ter passado numa tarde de quinta-feira, horário que normalmente não atrai o grande público.

A sessão começou com um breve discurso de William Biagioli, curador do festival, afirmando que tinha uma “surpresa” para o público: um trecho de uma entrevista feita com Stanley Kubrick em novembro de 1966, na qual o diretor falou sobre uma de suas principais características, bastante focada pelo festival: seu perfeccionismo. Na entrevista, Kubrick afirmou que sempre que algo lhe parecia errado durante as filmagens, ele analisava todas as possibilidades: se era a atuação,  roteiro,  iluminação ou até um erro de si próprio, o que mostra o quanto se importava com o resultado final de seus filmes.

A Obra

”O grande golpe” possui vários elementos típicos do cinema noir, como a iluminação fraca
(Foto: brightwalldarkroom.com)

O filme narra na voz de Art Gilmore, em um estilo quase documental, o assalto a um Jockey Club, detalhando a hora exata em que cada evento ocorreu. Na história, o crime foi pensado pelo recém-saído da prisão Johnny Clay (Sterling Hayden), que pretende fazer um último grande roubo para depois poder aproveitar seu casamento. Para isso, Clay bola um plano aparentemente infalível, porém que precisa ser cumprido à risca, sem um único segundo de atraso em nenhuma das partes. A ironia, porém, é que os homens que ele contrata para o golpe são em sua maioria desesperados e fracassados, as ultimas pessoas em quem se poderia confiar para um plano tão rígido. Entre eles estão um policial corrupto que precisa pagar uma dívida (Ted de Corsia), um atendente de bar com uma esposa doente (Joe Sawyer) e um caixa de apostas (Elisha Cook Jr.) que participa do assalto para agradar a sua esposa infiel (Marie Windsor).

Para os que já têm certo conhecimento da obra de Kubrick, seu terceiro longa-metragem pode parecer bastante diferente dos filmes posteriores , uma vez que não carrega o tom artístico e, às vezes, até experimental destes. Porém, já é possível perceber algumas das que se tornariam as marcas registradas de Kubrick, como a forma fora dos padrões de contar a história, notada principalmente na cena do assalto, contada não em ordem cronológica, mas sim indo e voltando no tempo para mostrar o papel que cada membro da gangue interpretou para o plano dar certo, um estilo que mais tarde virou símbolo de diretores como Quentin Tarantino.

Embora não seja muito profundo, “O grande golpe” definitivamente funciona como um bom filme de gângster cheio de suspense, pois o plano apresentado é tão meticulosamente planejado que ao longo do filme tudo pode dar errado, deixando o público colado nas cadeiras para ver o que acontecerá em seguida. Outro aspecto notado pelo público é a ironia do filme, que se percebe sempre que algo dá certo ou errado no plano. “Acheilegal a ironia do filme”, afirmou Isabela Lanave, estudante de jornalismo da UP, ela completa:  “O filme é muito bom, não tinha assistido ainda”.

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