sex 19 abr 2024
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Orquestra da UFPR ‘ataca em várias frentes’ no Theatro Municipal de Antonina

A Orquestra Filarmônica da UFPR fez a sua tradicional participação no Festival de Inverno neste domingo. Desfalcada pela regente, Denise Mohr, e pelos contrabaixos, a orquestra apresentou o Divertimento Rapsódico do compositor búlgaro Dimitar Tapkov e a Sinfonia para Grande Orquestra em Mi Bemol Maior, de Sigismund Neukomm.
Estreado no mês passado, o repertório baseia-se num trabalho de pesquisa que, segundo o diretor artí­stico Harry Crowl, orienta a atuação da orquestra. “Procuramos sempre ter um repertório que foi pesquisado, que é inédito”, afirma Crowl.
A peça de Tapkov nunca havia sido tocada no Brasil antes da estréia da Orquestra Filarmônica da UFPR. Finalizado em 1974, o Divertimento Rapsódico tem três movimentos e reflete a diversidade cultural da Bulgária com um série de melodias de caráter folclórico, explorando os instrumentos de forma pouco convencional –como a utilização dos violoncelos como instrumentos percussivos. Segundo Crowl, o compositor búlgaro fez a obra “com finalidade didática também”.
O conceito de concerto didático é uma das propostas da Orquestra Filarmônica da UFPR. Harry Crowl, antes da execução das peças, faz uma breve explicação sobre elas, desde informações históricas e musicais até regras de conduta básicas que o público deve seguir num espetáculo de música erudita. “Tradicionalmente, não se aplaude entre os três primeiros movimentos”, orientou a platéia do Theatro Municipal, poucos instantes antes do iní­cio da apresentação.
Segundo Crowl, é uma forma de aproximar a música erudita das pessoas. Para ele, a idéia de que a música erudita é elitista não deve ser aceita. “A atitude que você toma em relação a ela que a faz elitista ou não”, opina o diretor. Para colocar em prática esta idéia, concertos da Orquestra Filarmônica da UFPR têm, de modo geral, entrada franca, e a própria formação do grupo conta com a participação de pessoas da comunidade. Abre-se um edital anualmente, e qualquer músico que tenha condições de tocar pode ser selecionada. “É uma orquestra comunitária”, explica Crowl.
A apresentação da Orquestra, inserida no festival entre diversos apresentações culturais populares, ganha um papel importante nessa diversidade, segundo o diretor. É também uma das propostas da Orquestra incluir em seu repertório obras que tenham ligação com a cultura brasileira.
Foi o caso da segunda música da apresentação deste domingo. A Sinfonia para Grande Orquestra em Mi Bemol Maior é a primeira sinfonia composta em solo brasileiro. O compositor austrí­aco Sigismund Neukomm, que foi aluno do compositor Joseph Haydn, viveu na corte brasileira D. João VI. A obra também era inédita no Brasil até ser encontrada por um ex-aluno de Crowl no arquivo de documentos raros da Biblioteca Nacional de Paris. Sua primeira apresentação, feita pela Orquestra Filarmônica da UFPR em 2005, foi repetida este ano como comemoração dos 200 anos da chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro.
A apresentação da Orquestra sintetizou bem suas propostas em seus dois números. “Temos várias coisas sendo produzidas simultaneamente: prática de orquestra, pesquisa musicológica, atividade didático pedagógica”, explica Crowl. “Estamos atacando, com a atividade da orquestra, várias frentes simultâneas que são fundamentais e que uma orquestra universitária que pode fazer”.

O conceito de concerto didático é uma das propostas da Orquestra Filarmônica da UFPR
Manuela Salazar
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