Ao pensar em escalada, a imagem de alguém subindo uma montanha geralmente vem à mente. No entanto, essa percepção está mudando com a popularização da escalada esportiva, esporte de aventura e adrenalina que se tornou modalidade olímpica em 2020. Atualmente, academias indoors — espaços cobertos equipados com paredes de escalada artificiais — estão espalhadas por todo o país, oferecendo uma ótima oportunidade para quem deseja treinar e começar do zero.
Curitiba não fica fora dessa e já se tornou um dos polos de escalada esportiva, atraindo pessoas de várias idades e perfis. Projetos públicos, como o ClimbIF, do Instituto Federal do Paraná (IFPR), e o Esporte em Movimento, da Prefeitura, oferecem uma estrutura de escalada gratuita para a comunidade.
Locais privados também incentivam o esporte, já de olho na Copa do Mundo de Escalada Esportiva que ocorrerá pela primeira vez no Brasil em 2025. A cidade irá sediar uma das etapas do mundial, no Parque Olímpico do Cajuru do dia 16 a 18 de maio no próximo ano.
A escalada esportiva
A escalada esportiva é feita em paredes artificiais em academias especializadas e se concentra em performance física e técnica. Diferente da escalada tradicional, que busca grandes alturas e novas aventuras na natureza, essa modalidade tem como objetivo superar rotas específicas.
As rotas são pré-definidas, e os escaladores usam técnicas especiais para vencer cada obstáculo. Essa atividade pode ser praticada tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados. Nas academias de escalada, as paredes simulam diferentes tipos de rochas, permitindo treinos seguros, independentemente do clima.
Além de ser uma atividade física completa, a escalada não exige apenas força, mas autoconhecimento e criatividade. O atleta precisa encontrar a melhor rota até o topo.
Inclusão e projetos em Curitiba
Na capital paranaense, o Projeto ClimbIF, do Instituto Federal do Paraná (IFPR) ajuda a impulsionar o crescimento do esporte. Desde 2018, o ClimbIF oferece uma estrutura de 130 m² de paredes de escalada, permitindo que tanto a comunidade acadêmica quanto o público em geral pratiquem o esporte de forma gratuita.
Segundo Luis Rolim, coordenador do projeto, a ideia surgiu quando ele e o professor de escalada Rodrigo Cani perceberam a necessidade de um espaço dedicado à escalada indoor no campus. “Começamos a planejar em 2017 e, após muito trabalho, conseguimos montar a estrutura em março de 2018. Desde então, o projeto não apenas promove a escalada, mas também busca integrar a comunidade acadêmica com o público em geral”, explica Rolim.
O projeto pretende ainda criar parcerias com alunos do curso de Educação Física da Universidade Federal do Paraná, ampliando as chances de aprendizado. “A prática é acessível a todos, e garantimos uma experiência segura e educativa. Nosso objetivo é integrar a comunidade externa com a acadêmica e, assim, despertar o interesse dos participantes em outros cursos que oferecemos”, conclui Rolim. O projeto divulga os horários no Instagram @climbifpr.
“A prática é acessível a todos, e garantimos uma experiência segura e educativa”
Luis Rolim, coordenador do projeto ClimbIF
Iniciativa de Escalada para Crianças e Adolescentes
A Prefeitura de Curitiba disponibiliza aulas gratuitas através do projeto de iniciação esportiva “Escola + Esporte = 10”, da Secretaria de Lazer e Juventude. A ação pública é voltada para crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos. Esse projeto de escalada ocorre em parceria com a CT da Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE).
Em 2023, o curso básico de escalada, que ocorre no Centro de Treinamento ABEE no Parque Olímpico do Cajuru, em Curitiba, disponibilizava aulas semanalmente, em turmas específicas. Para participar das aulas, os pais ou responsáveis devem acessar o site do projeto Curitiba em Movimento, selecionar o esporte Escalada, unidade Cajuru, visualizando assim, as turmas ofertadas e vagas disponíveis. As inscrições podem ser realizadas durante todo o ano. Cada turma dispõe de 1 vaga para PCD.
Crescimento da comunidade e desafios
Além do ClimbIF, Curitiba conta com locais privados, como ginásios e academias, onde os atletas se reúnem para treinos e competições. O gerente de um desses ginásios, Yahya Zatta, explica que após a escalada se tornar um esporte olímpico, a procura dos jovens pela atividade aumentou. “O público da academia é bem variado, os alunos têm entre 16 e 50 anos. Nos últimos anos, notamos um grande aumento na procura de jovens entre 16 e 25 anos.”
Apesar da popularização, Zatta evidencia que o esporte ainda é elitizado. “A questão dos impostos no Brasil para o equipamento de escalada é bem alto. Acaba se tornando um esporte um pouco elitizado por causa dos valores dos equipamentos. A sapatilha da nossa modalidade varia entre R$300 a R$2.500; e o magnésio, entre R$70 e R$150. Este seria o básico do básico para a prática.”
De olho no futuro
Com a Copa do Mundo de Escalada programada para 2025, as expectativas de quem acompanha o esporte são altas. O presidente da Confederação Brasileira de Escalada, Thiago Campacci, fala sobre a importância desse evento e como é uma oportunidade única para o Brasil mostrar seu potencial no cenário internacional e inspirar novos atletas. Ele acredita que a competição vai aumentar o interesse pela escalada, estimulando ainda mais o número de praticantes em todo o país.
Yahya Zatta está empolgado para o evento: “Para gente é um privilégio, vamos poder ver de perto os atletas que estão no topo do mundo, algo que nunca vimos. Pela falta de incentivo, o Brasil está bem no comecinho na questão de escalada para competição, então vai ser algo muito bom!”