Projeto de extensão da UFPR atua na prevenção ao aliciamento de crianças e adolescentes

Personagens e cenários do jogo desenvolvido pelo projeto “PROTECA”. Foto: Deogenes Pereira

O aumento da exposição de crianças e adolescentes a riscos digitais preocupa famílias e pesquisadores no país. Segundo a Pesquisa TIC Kids Online Brasil, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação em 2023, a internet alcança 93% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos no país. O estudo revela que o acesso é quase universalmente feito pelo celular (98% dos usuários) e está cada vez mais precoce, com cerca de 24% dos entrevistados tendo seu primeiro contato antes dos 7 anos.

No cotidiano, famílias tentam lidar com essas mudanças. Moradora da região metropolitana do Paraná, Kelly Domingos, mãe de uma adolescente de dezesseis anos, diz acompanhar de perto as atividades da filha. “Sempre orientei minha filha sobre os perigos da internet e monitoro o que ela assiste. Falo que as pessoas estão muito cruéis e que ela precisa ficar atenta”, afirma. O relato reforça a dificuldade que pais e responsáveis enfrentam para supervisionar ambientes digitais cada vez mais complexos e imprevisíveis.

Jogo nasce de pesquisas sobre violência online

Criado em 2018, o projeto de extensão “PROTECA” busca prevenir o aliciamento de crianças e adolescentes em ambientes on-line. Entre as ações, pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desenvolvem um jogo digital educativo voltado à crianças de sete a onze anos. A ferramenta simula situações reais de risco na internet e apresenta personagens inspirados em estratégias usadas por aliciadores, como elogios exagerados, perfis falsos e ameaças.

Doutorando em informática, Deógenes Pereira acompanha a produção do jogo e destaca a ausência de materiais específicos sobre o tema. “No mundo inteiro, menos de dez jogos tratam da temática de abuso sexual infantil”, comenta. Para suprir essa lacuna, o PROTECA reúne estudantes e profissionais de informática, psicologia e design, que trabalham na construção de narrativas e mecânicas adequadas ao público infantil.

A coordenadora do projeto, Elenice Novak, explica que a iniciativa atende a uma demanda social crescente. “As instituições, as comunidades e cada cidadão têm a obrigação de cuidar de crianças e adolescentes no enfrentamento à violência sexual de qualquer forma. Ninguém pode ficar omisso”, pontua. Além do jogo, o PROTECA promove rodas de conversa, seminários e cartilhas com orientações para famílias e profissionais da educação e do direito.

A perspectiva do grupo é disponibilizar uma versão inicial para testes com psicólogos, pedagogos e professores. Após validação, o objetivo é levar o jogo à escolas públicas e instituições sociais como ferramenta de educação digital. Para saber mais do projeto acesse: https://proteca.ufpr.br/.

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