UFPR abre as portas para alunos da terceira idade

Aposentados, Wolfgang e Geny voltaram para a universidade para trocar experiências e conhecimento com professores acadêmicos. Foto: Marcos Solivan
Aposentados, Geny e Wolfgang voltaram para a universidade para trocar experiências e conhecimento com os professores. Foto: Marcos Solivan

A Universidade Aberta da Maturidade (UAM), criada em 2012, é um projeto de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Destinado a pessoas com mais de 55 anos, o trabalho busca valorizar e promover o desenvolvimento cultural e social do idoso.

O casal Geny Broocke e Wolfgang Rembold, ambos com 80 anos, participaram da primeira turma da UAM, que se formou no final de junho desse ano. A professora universitária e o engenheiro mecânico, já aposentados, contam ao Jornal Co:::unicação por que decidiram voltar para a universidade e como foi a experiência no projeto.

 

Jornal Co:::unicação: Quais foram os motivos que os levaram a participar da UAM?

Geny Broocke: Como estamos aposentados, precisamos entrar em contato com outras pessoas e também ocupar o nosso tempo. Caso contrário, a gente fica só em casa e começa a adoecer. É bom ocuparmos a cabeça com atividades que sejam para a nossa faixa etária. Então, apareceu esse curso da UAM. Fizemos a inscrição e, depois de uma entrevista, fomos aceitos.

Wolfgang Rembold: Nós já fizemos outros cursos na Universidade, como um programa de Psicologia desenvolvido pelos alunos.  Estamos preenchendo o tempo com várias atividades. Esse projeto da UAM era, inicialmente, para 30 pessoas, mas a procura foi tão grande que chegaram a aumentar as vagas para 50.

Co:::unicação: Como eram as atividades do curso? Que questões o projeto abordava?

Wolfgang: O curso não tinha prova. Ele abordou diversos temas da vida, do nosso cotidiano. E foi muito interessante porque acontecia um “bate-bola” entre o conhecimento dos professores e o dos alunos. Não era um monólogo, mas sim uma troca de ideias e de experiência. Por isso, foi muito bacana. A turma tinha muita vontade e os professores também gostavam.

Co:::unicação: O que vocês mais gostaram de fazer na UAM?

Geny: De tudo! O curso foi válido porque abordou todos os assuntos de interesse da nossa idade.

Wolfgang: Gostei bastante de uma oficina sobre filmes, com um especialista em cinema. Ele nos explicou como eram feitas as filmagens, os nomes dos ângulos, o roteiro. Mas tínhamos vários outros cursos, como recomendações nutricionais, farmácia caseira, saúde mental, prevenção de queda, memória na terceira idade e até sobre informática. Também houve uma discussão sobre o Direito do Idoso, se o Estatuto está sendo aplicado ou não. Além disso, fizemos viagens para Antonina e Paranaguá, e participamos de um passeio turístico por Curitiba, em que conhecemos as histórias de todos os monumentos da cidade.

Co:::unicação: Como vocês se sentiram na formatura?

Wolfgang: Nós fomos de Beca e tudo. O reitor da Universidade, o vice-reitor, a pró-reitora e a coordenadora do curso estavam lá. Nós fomos os calouros, os primeiros a se formar.

Geny: Não ganhamos um certificado de Conclusão de Curso, mas sim um Certificado de Homenagem. O reitor falou na formatura que esse projeto é a “menina dos olhos” dele. Depois da “colação”, ainda tivemos uma confraternização, em um café colonial.

Co:::unicação: Como vocês avaliam o dia-a-dia antes e depois do projeto de extensão?

Wolfgang: A gente aumentou o nosso conhecimento, sem dúvida nenhuma. Prova disso foi a visita aos monumentos, que nos mostrou lugares que estão ao nosso redor, mas que não prestamos atenção. Aprendemos também um pouco sobre informática, podemos dizer que aproveitamos bem. Foram todos ensinamentos para nossa vida, porque a gente morre aprendendo.

Co:::unicação: Vocês sentem falta do curso? Pensam em começar outra atividade?

 Geny: Na realidade, agora que o curso terminou, resolvemos dar uma parada. Tínhamos um compromisso semanal, então nossa rotina estava corrida. Até porque além desse curso, também fazíamos outro de informática. E, na nossa idade, temos alguns probleminhas de saúde que interferem. Agora estamos esperando assentar a poeira, para ver o que vamos fazer. Mas somos da religião Luterana e sempre participamos das ações promovidas pela Igreja, para ajudar a comunidade.

Wolfgang: A gente gostou tanto do curso que não queremos nos separar, parar de vez. Combinamos de reunir o grupo, a cada mês. A coordenadora também propôs de fazermos uma integração com a nova turma, que vai iniciar agora, para trocarmos experiências. Na nossa idade, temos que fazer alguma coisa. Não podemos ficar só assistindo novela, temos que viver a vida e conviver com os outros também. Eu gosto muito da companhia de jovens, para reaprender a acompanhá-los e manter a nossa juventude.

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