Aos 26 anos, Paulo Grochowicz, como economista e gestor de inovação do Sebrae-PR, presencia diariamente o registro de negócios emergentes em Curitiba. Em entrevista ao Jornal Comunicação, o profissional destrinchou o cenário que permite a consolidação das startups na capital paranaense.
Jornal Comunicação – Nos últimos tempos, vem sendo possível perceber a ascensão de negócios startups no Paraná, quais as causas desse fenômeno?
Paulo Grochowicz – De fato estamos presenciando um momento importante para o Paraná no avanço das startups. Segundo o mapeamento de Startups Paranaenses do SEBRAE 2023, são mais de 2 mil no estado. O fenômeno vem de acordo com um movimento global de geração de novas tecnologias aplicadas aos contextos de transformação digital e aumento da produtividade na prestação de serviços.
JC – O que caracteriza um ambiente favorável para a consolidação desse modelo?
PG- Um ambiente favorável para o surgimento de startups é um local onde há a presença de universidades, capital para inovação, programas e ações sendo promovidas por empresas e instituições como o SEBRAE e a presença de ambientes de inovação como incubadoras e aceleradoras. Além de um poder público engajado para a pauta.
JC – Para você, quais os motivos de Curitiba ser uma cidade destaque nesse quesito?
PG – Curitiba conta com um cenário favorável de ter na mesma cidade diversos componentes da tríplice hélice da inovação (poder público, universidades e empresas) em condições de trabalho agregado para a geração de novas oportunidades de mercado.
São mais de 10 mil empregados neste setor.
JC – Como se encontra esse mercado de trabalho na capital?
PG – São por volta de 600 startups na região do Primeiro Anel de Curitiba, ou seja, existem diversas oportunidades neste mercado. Grande parte, voltadas para a área de programação e desenvolvimento de software, o que é uma vocação do município. São mais de 10 mil empregados neste setor.
JC – Por que o avanço de ecossistemas de inovação é tão importante? Qual a sua contribuição para a cidade e para a população?
PG – A partir das ações individuais de cada instituição e/ou entidade, podem ser direcionadas de acordo com uma visão colaborativa e coletiva, com um impacto estruturante na economia da cidade.
JC – Quais instruções você dá para quem deseja ingressar nesse cenário?
PG – Primeiro passo para atuar com uma startup é a geração de ideias de negócio inovadoras. Para isso o SEBRAE, as universidades e os ambientes de inovação tem metodologias que podem facilitar na validação e estruturação do modelo de negócio a ser trabalhado. O segundo passo é o desenvolvimento de um MVP -Produto Mínimo Viável-, que valida se o produto ou serviço é realmente aplicável no mercado. Depois que validado o MVP é hora de colocar para testes com um grupo de aplicação. Em todas as etapas o SEBRAE pode ajudar o empreendedor a se conectar com as instituições e parceiros.
JC – Qual o papel da educação e de promover ambientes voltados para a formação/qualificação na área empreendedora?
PG – A educação é elo fundamental na formação do capital social necessário para a execução das atividades e geração dos resultados dentro das startups. É de lá que se conectam as pautas estratégicas do ecossistema de inovação com a geração de conhecimento científico e tecnológico capaz de colocar em prática aquilo que tem sido debatido e projetado como ações.
JC – Há na cidade programas direcionados especificamente para startups?
PG – Existem diversas iniciativas acontecendo em Curitiba. As startups podem procurar o SEBRAE, a Agência Curitiba e as universidades como PUC, UFPR, UTFPR e outras para conhecer um pouco mais dos programas específicos.
As prefeituras são fundamentais no contexto de criação de um ambiente favorável à geração de novos modelos de negócio inovadores a partir da criação de legislações específicas
JC – Qual a importância do fomento oferecido pela prefeitura da cidade para quem deseja empreender e para os negócios que se encontram em fase inicial?
PG – As prefeituras são fundamentais no contexto de criação de um ambiente favorável à geração de novos modelos de negócio inovadores a partir da criação de legislações específicas, programas de empreendedorismo, incentivos fiscais e apoio na viabilização técnica de projetos.
JC – Como as iniciativas do Vale do Pinhão e do Sebrae atuam nesse quesito?
PG – Entendemos que tudo se trata de uma lógica de ecossistema de inovação, que se integra a partir de ações promovidas por atores para a promoção da pauta de inovação. Nesse sentido, o Vale do Pinhão, assim como outros ecossistemas do estado, representam movimentos que acontecem para a formação de um ambiente favorável à inovação.
Por Erika Boslooper e Izabel Forquim