Conforme o Relatório Luz 2021, produzido pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil, das 169 metas previstas entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a serem atingidas até 2030, 54,4% estão em estado de regressão, 16% não mostram desenvolvimento, 12,4% estão comprometidas por possíveis cortes no orçamento e descontinuidade de políticas públicas – e 7,7% não tiveram um avanço significativo.
A maior parte dos ODS não está sequer 50% concluída. Os objetivos mais desenvolvidos até agora são o 6, água potável e saneamento, e o 7, energia limpa e acessível. Outros ODS, como o 5, igualdade de gênero, se encontra menos de 30% concluído.
No que se refere à garantia dos direitos humanos, o país retrocedeu ou não conseguiu cumprir totalmente 80% das recomendações feitas pela ONU nos últimos quatro anos, segundo a Revisão Periódica Universal (RPU), feita em 2022. De 242 recomendações, 42% delas, além de não serem cumpridas, foram enfraquecidas, e apenas 17% foram parcialmente cumpridas. Das 15 recomendações feitas para promoção do ensino, por exemplo, nenhuma foi cumprida. O orçamento destinado à educação diminuiu e a execução do Plano Nacional de Educação (PNE) é baixa.
A pandemia piorou a situação de forma global. Segundo projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), estima-se que em 2020 a taxa de extrema pobreza se situou em 12,5% e a taxa da pobreza atingiu 33,7% da população. Isso significa que o total de pessoas pobres chegou a 209 milhões no final de 2020, 22 milhões de pessoas a mais do que no ano anterior. Desse total, 78 milhões de pessoas estavam em situação de extrema pobreza, 8 milhões a mais do que em 2019.
Segundo relatório da Fundação Gates, a recuperação socioeconômica será desigual: 90% das economias avançadas devem recuperar os níveis de renda per capita, mas apenas um terço das economias de baixa e média renda irá fazer o mesmo.
Em Curitiba, por exemplo, os indicadores da plataforma do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) apontam que a pandemia expandiu a condição de extrema pobreza. Entre março de 2020 e abril de 2021, 15.225 novas pessoas passaram a fazer parte do conjunto de moradores da capital paranaense que vivem com renda per capita mensal de até R$ 89 – quase 17 vezes menos do que a menor faixa de salário mínimo vigente no Paraná, de R$ 1.467,40.