Arena cercada com vidro blindado e reforçada com aço. Robôs, divididos em categorias entre 500 gramas e 55 quilos, se enfrentam usando golpes radiocontrolados e armas. O objetivo da luta é que o competidor destrua o adversário ou o imobilize. A categoria se chama combate e o evento é o Winter Challenge, uma competição promovida anualmente pela Robocore. Ao lado, espaço para batalhas de sumô, hockey, tracking, desafio inteligente e seguidor de linha. Foi na categoria de combate entre robôs que o grupo Yapira, projeto de extensão da UFPR, levou o bronze em 2014. O grupo já competiu no México e é nessa categoria que pretende ganhar o ouro do Winter Challenge este ano.
Yapira – que significa mel em tupi-guarani, o que justifica a abelha como mascote do grupo – foi fundado em 2006 por iniciativa dos alunos de engenharia mecânica da universidade. Hoje com cerca de 20 integrantes, o projeto abrange outras áreas: as engenharias elétrica e de produção, o curso de ciência da computação e o de física, por exemplo, estão envolvidos. A proposta do projeto é incentivar a prática além da sala de aula, principalmente aos interessados em robótica.
O professor de engenharia mecânica João Morais Neto, orientador do Yapira, acredita que projetos assim são essenciais na graduação. “Apesar de parecer uma coisa violenta, um robô destruindo o outro, por trás disso há muita tecnologia. Os estudantes podem se desenvolver em técnicas de controle e na área de projetos”, comenta Neto, cujo papel é dar suporte aos alunos envolvidos, que são selecionados através de um processo seletivo. O professor complementa que, além do desenvolvimento acadêmico do aluno dentro do Yapira, o projeto dá a oportunidade do convívio com uma equipe multidisciplinar e integrada, como o mercado de trabalho exige.
TAZ, o robô, pesa 13,6 quilos e funciona com dois motores, uma placa de controle e duas baterias. Além disso foi construído inteiramente pelos estudantes. Segundo Carolina Luhm, capitã do Yapira e aluna de Engenharia Mecânica, os movimentos do robô são: andar para trás, para frente e girar. A integração entre os cursos é o que garante o crescimento do Yapira. “O pessoal da mecânica faz todo o projeto estrutural e a análise estática e dinâmica. Já os da elétrica selecionam e até desenvolvem placas de controle e baterias”, exemplifica a capitã. O treinamento acontece poucas semanas antes da competição, para que todos fiquem inteirados na movimentação, nos controles e nos comandos que o robô obedece.
Suporte financeiro
O Winter Challenge não premia os vencedores financeiramente, embora isso já tenha acontecido no passado. “Hoje, devido a dificuldade de financiamento, não há mais premiação em dinheiro”, diz o professor. O próprio Yapira se mantém apenas com o valor que está guardado em caixa, advindo de patrocinadores antigos. “É patrocinado principalmente pela Federal e pela boa vontade dos alunos. Aqui no Brasil ainda temos uma dificuldade em convencer as indústrias que esses projetos não só podem desenvolver os estudantes, como podem gerar retorno pras empresas”, afirma Neto.
Os alunos, porém, não têm prejuízos. Embora às vezes sejam os responsáveis pelo pagamento da inscrição nas competições, a universidade costuma oferecer transporte e acomodação para os integrantes, além de fornecer o espaço para o desenvolvimento do projeto. Ainda assim, não existem bolsas vinculadas ao Yapira, e a busca por novos patrocinadores é uma das necessidades para o futuro do projeto. “Podemos ganhar a competição esse ano. Enquanto isso, trabalhamos nos projetos desde o seu início e buscamos patrocinadores. É um aprendizado”, conclui a capitã Luhm.
Confira no vídeo a seguir o robô TAZ em movimento:
A competição será realizada entre os dias 4 e 7 de junho, no Instituto Mauá de Tecnologia, em São Paulo.