seg 04 nov 2024
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A distração nem sempre é um problema

Daniela é uma distraída assumida. E isso já a colocou em situações um pouco complicadas (Foto: Vinicius do Prado)
Daniela se distrai muito fácil e isso a faz passar por situações um pouco embaraçadas (Foto: Vinicius do Prado)

Final de semestre chegando, época em que o número de trabalhos e provas aumenta e o ritmo intenso exige cada vez mais concentração, que nada mais é do que focar o pensamento e as ações em um só objetivo. Nesse sentido, um estudo desenvolvido pela Microsoft no Canadá concluiu que o tempo médio de atenção das pessoas caiu de 12 segundos em 2000 para oito em 2013. Esse número coloca o ser humano abaixo da capacidade de concentração do peixe dourado, que é capaz de se manter atento por até nove segundos.

Daniela Dagostin, 19, não é o melhor exemplo de pessoa concentrada. A estudante de Direito precisa se isolar do mundo para não se distrair com as coisas ao redor, “Tenho que tirar todos os aparelhos eletrônicos e até a cortina tem que estar fechada, porque eu olho os vizinhos, o cachorro…”, conta. E esse nível de distração fez com que ela passasse por uma situação constrangedora durante um Intercâmbio no Canadá. “Eu estava apresentando um trabalho, a professora me fez uma pergunta e, distraída, respondi em português. Foi assim até o final da apresentação. Quando me dei conta, todos me olhavam esquisito”, relembra.

Mas para algumas pessoas a distração é bem vinda durante o trabalho. Jefferson Faria, 20, é Designer Gráfico e se considera distraído, mas acredita que isso não seja um problema “No meu trabalho, concentração pode atrapalhar em alguns momentos de um processo criativo, porque preciso estar aberto a novas possibilidades”, analisa. E quando quer focar em um objetivo, Jefferson tem uma estratégia “Trabalhar à noite sempre funciona comigo, é o horário que o telefone não toca, as redes sociais quase morrem e até o cachorro está desligado e não te distrai”, revela.

A distração no mundo tecnológico

Um dos inimigos apontados pelos distraídos na hora de focar em algo é a internet. Na mesma pesquisa realizada pela Microsoft, os canadenses que estão mais conectados com as mídias digitais selecionam os assuntos que lhes são interessantes. Quando o tema não é atrativo, o nível de concentração tende a ser menor.

Essa também é a análise da psicóloga Daniela Cichacewski de Macedo “A maioria das pessoas perde a concentração diante de algo que gera grande esforço de compreensão, como numa palestra em uma língua estrangeira desconhecida, por exemplo”, avalia.

Claro que conseguir prestar atenção em diversos locais em que vivemos é muito importante para nosso desenvolvimento, mas Daniela acredita que há uma pressão para que as pessoas sejam concentradas “Existe uma grande cobrança da sociedade de que ser distraído é um problema. Mas como ser expert em tudo? Essa exigência gera desigualdade, pois quem não alcança a concentração se torna inferior”, conta.

E a psicóloga tem a mesma opinião de Jefferson, quando afirma que ser distraído nem sempre é um problema “Sou uma pessoa distraída por natureza, mas para mim isso não é prejudicial. Acho importante as pessoas aceitarem suas características e aprenderem a lidar com elas”, comenta.

A concentração como uma aliada

Mesmo a concentração não sendo um super requisito, como apontado acima, algumas pessoas acabam encontrando muitas dificuldades por serem muito distraídas.  Esse não foi o caso do estudante de Engenharia Química Guilherme Surek, 19, que treinou seu cérebro para abstrair o que está em volta e assim se concentrar. O hábito foi adquirido na infância “Tinha o costume de ler no carro quando ia viajar – ambiente com música, pessoas conversando, paisagem… Acho que fui me adaptando e fiquei cada vez mais focado”, recorda. E essa característica já o ajudou muito na vida universitária “Se eu não fosse concentrado não conseguiria estudar na sala de monitoria do Prédio de Engenharia Química da UFPR”, afirma.

Conseguir um nível de concentração como a de Guilherme não acontece de uma hora para outra. Mas se você acha necessário ser mais concentrado, para assim se sair melhor nos estudos e no trabalho, o Comunicação compartilha algumas dicas:

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A tecnologia não precisa ser sempre a vilã. Muitos aplicativos auxiliam na hora de fazer listas e lembram o usuário do horário das tarefas (Foto: Thaíssa Falcão)
  •  A concentração está muito ligada à disciplina, então procure sempre fazer uma coisa de cada vez, prestando sempre muita atenção. A velha história de que podemos fazer mil coisas ao mesmo tempo é uma grande inimiga da concentração, então foque em um objetivo e só quando terminar passe para o próximo. Uma dica para ajudar na disciplina é fazer lista de objetivos. Aplicativos como o Asana e Evernote podem te ajudar.
  • Faça intervalos a cada hora: ninguém consegue ficar 100% focado em algo durante muito tempo, por isso é importante fazer pequenos intervalos a cada hora de trabalho, para levantar, andar, tomar um café e olhar as redes sociais. Mas não extrapole, o intervalo deve levar de 10 a 15 minutos. Depois você consegue se focar novamente no trabalho a ser feito.
  • Seja organizado: seu cérebro será uma bagunça se ao seu redor estiver uma bagunça. Ai entra a disciplina novamente. Tente sempre deixar o local que você trabalha ou estuda organizado. Assim também facilitará quando você quiser achar alguma coisa.
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