Em Antonina, moradores relatam obstáculos na comunicação com a Prefeitura e acesso a dados públicos. Os habitantes da histórica cidade do Paraná, localizada a 90km de Curitiba, denunciam exigências confusas dos órgãos públicos e dos sistemas digitais.
O Município disponibiliza o Portal da Transparência para que qualquer cidadão interessado acesse dados públicos, mas usuários reclamam de uma interface confusa e de difícil navegação, impedindo que se consiga acessar dados importantes de forma rápida e prática.
A Ouvidoria, operada pela Assessoria de Comunicação (ASCOM), é o principal canal oficial para queixas, sugestões e outras formas de comunicação entre a população e a Prefeitura. As solicitações recebidas são encaminhadas ao prefeito e aos secretários dos setores responsáveis, que têm o prazo de até 30 dias para fornecer uma resposta.
As solicitações podem ser feitas tanto online quanto presencialmente na prefeitura. No entanto, mesmo para reclamações presenciais, é necessário que o cidadão imprima e preencha previamente o formulário de solicitação. Antoninenses afirmam que não possuem tempo para todos os trâmites exigidos pela Ouvidoria e que não utilizam o Portal Transparência por não saberem como ter acesso às informações que procuram. Além disso, outra crítica dos moradores locais é que que a Administração se preocupa mais com o bem-estar do turista do que do cidadão.
A necessidade de imprimir documentos pode ser um empecilho, especialmente para aqueles que não possuem fácil acesso à internet ou a impressoras. Pessoas em condições vulneráveis, como analfabetos e em situação de rua, ficam a par de qualquer processo devido à burocracia e falta de acesso. Moradores afastados do centro e trabalhadores que não têm tempo para se informar e cumprir com essas exigências também são prejudicados.
A imposição dessas barreiras por parte da Prefeitura é vista pela população como desinteresse da administração em atender as necessidades da comunidade, gerando frustração e sentimento de desamparo. Os moradores relatam que os mecanismos criados para atender as demandas da população não são inclusivos, nem garantem que todos tenham a oportunidade de participar ativamente da vida política e administrativa da cidade.
Volve Assunção Adriano, 52, barista e proprietário do Volve Café, localizado no centro de Antonina, explica que a demora no atendimento acaba desestimulando. “Eu prefiro resolver as coisas no boca a boca aqui nessa cidade, sabe? Todo mundo se conhece, acaba sendo mais fácil e bem mais rápido do que envolver o pessoal da Prefeitura”, comenta. O empreendedor relatou que para a regularização do seu estabelecimento, anteriormente à abertura, experienciou o descaso da Prefeitura em resolver a situação. Desde então, ele não recorre mais ao órgão executivo local.
A Prefeitura foi contatada três vezes pela equipe do jornal, mas não aceitou dar entrevista ou dar declarações.
Ficha Técnica
Repórter: Julia Pedroso
Revisão: Gustavo Beckert e Manoel Salvador
Orientação da produção: José Carlos Fernandes
Orientação da edição: Cândida de Oliveira