Quatro pinhas acima da média, com quase sete quilos cada, serão implantadas no Paraná a partir de uma parceria do professor Flávio Zanette com produtores gaúchos. Há 30 anos trabalhando com a potencialização da produção de pinhão e a preservação das araucárias, o pesquisador defende o melhoramento genético dos nossos pinheiros, a partir da implantação das pinhas gigantes.
Menos de 1% da cobertura original da Floresta de Araucárias ainda sobrevive no estado do Paraná. As sementes comestíveis de suas árvores, o pinhão, se formam dentro de uma pinha que pesa em média dois quilos. As oriundas do município de São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul, têm quase sete quilos cada e dão origem a uma araucária diferente que produz, anualmente, 30 pinhas com tamanho excepcional.
A implantação das pinhas gigantes no Paraná faz parte do esforço para melhorar a qualidade da produção paranaense de pinhão, fruto símbolo do estado. O professor Flávio Zanette conta que entre 400 e 500 mudas serão distribuídas gratuitamente para a população interessada, através de um cadastro prévio. O pesquisador afirma que ele e sua equipe de doutorandos estão fazendo a preparação das mudas, para que em Outubro, quando estiverem prontas, cada membro da comunidade cadastrado possa receber cinco plantas. “Dessa maneira a população pode contribuir com a mistura genética natural da vegetação, para produzir gerações da árvore com melhor qualidade” no caso, pinhas maiores e mais produtivas, afirma.
O pinhão na alimentação
Descrito como um alimento singular pela nutricionista Ângela Federau, o pinhão é fonte de potássio como a banana, tem baixo índice glicêmico como a batata doce e reduz os níveis de colesterol como a aveia e outras fibras. A especialista descreve o pinhão como “um carboidrato muito interessante, pois apesar de possuir um valor calórico elevado, o fato de ser um alimento sazonal e bastante versátil, faz com que a ingestão do pinhão não seja somente algo trivial, mas sim, traga uma série de sentimentos e emoções ao degustá-lo”.
Nutricionistas costumam indicar o pinhão na reeducação alimentar para o enriquecimento energético. Sobre a conservação do pinhão para o consumo durante todo o ano, Ângela Federau explica que “tem-se desenvolvido alguns estudos para “descobrir” a melhor forma de armazenamento da semente, e muitas foram avaliadas, mas a mais efetiva é o armazenamento em embalagem de vidro sob refrigeração, desta forma, pode ser armazenado por até 180 dias”.
Existem diferenças entre o consumo cru e cozido do pinhão, a exposição ao fogo facilita o trânsito alimentar do amido no intestino e faz com que a semente absorva os elementos antioxidantes da casca.