seg 05 jun 2023
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Pela liberdade de ser e viver como quiser

Milhares de mulheres e homens são agredidos todos os dias por padrões de beleza e imposições físicas. Não é permitido ter cicatrizes, rugas, espinhas, marcas e, especialmente para as mulheres, estrias e celulites são características inaceitáveis. Porém, dentre as mais diversas características tidas como “feias” e “indesejáveis”, a gordura é a que mais incomoda. A palavra gordo (a) é comumente usada como xingamento, como se uma característica física fosse algo errado e motivo para humilhação.

Não é difícil ver sinais de gordofobia, ou seja, sentimento de repulsa e desconforto com pessoas gordas. Se você é gordo, vai ouvir muitas regras sobre como pode ou deve agir. Gordo não pode usar roupas justas, não pode mostrar o corpo, não pode postar fotos de biquíni, e principalmente: gordo não pode gostar de ser gordo. Quanto maior é a aceitação própria, mais revolta ela causa.

Recentemente, a professora Thaís Fonseca de Oliveira postou uma foto de biquíni em seu facebook, com a legenda “Sou gorda e nesse verão vou usar biquíni, sim, e, se reclamar, vai ter topless”. A foto incomodou alguns usuários da rede social e chegou ao cúmulo: vários compartilhamentos e ofensas à Thais por sua “atitude errada”, já que segundo um dos usuários “gordo não deve se expor”.

Foto "polêmica" postada por Thais em seu Facebook pessoa.
Foto “polêmica” postada por Thais em seu Facebook pessoa.

Após ser ofendida, Thais e uma amiga resolveram organizar um ensaio fotográfico na Urca, Rio de Janeiro, como forma de protesto. Intitulado de “Mulheres Reais”, várias mulheres foram convidadas a participar. O ensaio também contou com a presença da modelo Simone Daher.

Ensaio fotográfico "Mulheres Reais" aconteceu na Urca, Rio de Janeiro, como forma de protesto pela gordofobia. Crédito: Filipe Reis
Ensaio fotográfico “Mulheres Reais” aconteceu na Urca, Rio de Janeiro, como forma de protesto pela gordofobia. Foto: Filipe Reis

 

Em meio a tanto ódio e críticas, é difícil não ser afetado por problemas físicos e psicológicos. É comum que o bullying aconteça desde a infância e o ódio a si e seu próprio corpo é estimulado. As consequências de tanta humilhação e pressão para emagrecer são gigantescas e afetam diretamente a autoestima. Muitos entram em depressão, se isolam em casa, acabando sofrendo com doenças como anorexia e bulimia, tudo pelo “corpo perfeito”. Com tantas críticas e regras de como devem viver, atividades como dançar, praticar esportes, se relacionar, sexo, e até mesmo sair de casa, se tornam fardos para pessoas gordas – tudo por conta de uma pressão da sociedade.

Comentários gordofóbicos, muitas vezes, podem ser disfarçados com desculpas como “estou preocupado com a sua saúde”, “estou querendo o seu bem” ou “você precisa se cuidar”. Não é possível estar completamente bem com o próprio corpo e saudável mesmo acima do peso considerado por muitos o ideal? Sim, é possível. O Sport England, órgão do ministério dos esportes inglês, lançou uma campanha chamada “This girl can” – essa garota pode. O vídeo retrata diversas mulheres magras, gordas, altas, baixas, fazendo exercícios, e apoia o que muitos já sabem, mas todos deveriam saber: todos os tipos de mulheres podem se exercitar, não existe um pré-requisito.

Uma notícia boa é que, aos poucos, avanços estão sendo feitos e barreiras sendo quebradas. No início desse ano, Tess Holliday, uma das modelos plus size mais bem sucedidas do mundo, foi a primeira modelo dessa categoria a ser contratada por uma grande agência, a MiLK Model Management’s plus-size division Curve.

Tess Holliday é uma das modelos plus size mais populares, e foi a primeira a ser contratada por uma grande agência. Foto: divulgação.
Tess Holliday foi a primeira modelo plus size a ser contratada por uma grande agência. Foto: divulgação.

 

Mas a questão principal está além desta: ninguém deve opinar e muito menos ofender uma pessoa por uma cobrança social que não leva em consideração o bem estar de cada um. Todo indivíduo é dono de seu próprio corpo e deve ter a liberdade, e o direito, de viver como acha que deve, sem sofrer nenhum tipo de pressão ou repressão por isso. Não precisamos nos encaixar em um molde. Ninguém deve impor o que é bonito ou não, afinal a beleza é completamente relativa e cada um pode ter a sua. O importante é se amar.

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