Profissão: criadores de conteúdo. Com o desenvolvimento das tecnologias e a popularização das mídias sociais, surgiram no mercado novos profissionais, que utilizam essas ferramentas como forma de trabalho. Alguns faturam bem, mas a maioria dos trabalhadores enfrentam desafios de reconhecimento, remuneração e instabilidade.
Em entrevista para o Jornal Comunicação, influencers e creators de Curitiba relatam as dificuldades enfrentadas no cotidiano do novo mercado.
Mariah Luz, criadora do perfil “Oquefazercuritiba”, diz que entre os principais desafios está o reconhecimento da criação de conteúdo como profissão. “A principal dificuldade é a conscientização das pessoas de que isso é um serviço que deve ser remunerado como qualquer outro”, afirma.
A página foi criada para levar informações e dicas sobre a cidade de forma leve, rápida e descontraída por meio das redes sociais. Ela existe desde 2015 e hoje possui 610 mil seguidores no Instagram. “Eu criei o “Oquefazercuritiba” porque eu buscava informações de Curitiba de uma forma mais humana e descontraída e percebi que não existia esse tipo de conteúdo no Instagram. Então, eu resolvi criar e percebi que todos ao meu redor tinham essa mesma necessidade, que na verdade era suprida com sites e revistas. Eu realmente só mudei a forma de entregar o conteúdo para as pessoas.” explica a criadora.
Em fevereiro de 2022, o Brasil passou a reconhecer as atividades de Influencer e Criador de Conteúdo Digital como profissões, sendo devidamente registradas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Apesar disso, a prestação desses serviços ainda não possui regulamentação específica por lei, o que aumenta os desafios enfrentados pelos trabalhadores.
De acordo com o sociólogo Lucas Hertzog, a estabilidade financeira é uma das principais dificuldades dos creators: “A diferença de remuneração é clara, até em outras plataformas digitais o trabalho sempre é remunerado de alguma forma, mesmo que muito baixa. Agora, a produção de conteúdo não se reverte necessariamente em nenhum tipo de remuneração pois depende de outros fatores, como engajamento, visualização e publicidade.” afirma.
Apesar de parecer uma atividade luxuosa, a pesquisa “Creators e Negócios” realizada pela Youpix e Brunch mostra que apenas 34,6% dos criadores de conteúdo têm a profissão como única fonte de renda. Essa instabilidade é derivada, muitas vezes, da dependência das decisões das grandes plataformas. O produtor do podcast RdMCast, Thiago Natário conta que após o cancelamento de contrato sem aviso prévio com o Spotify, para produção de conteúdo exclusivo, o podcast passou a ser mantido principalmente por financiamento coletivo. “Graças aos nossos apoiadores, nós temos condições de manter o podcast no ar de maneira ininterrupta, mas é muito difícil conseguir outras formas de renda para além disso”.
“Eu só espero que algumas mudanças futuras possam trazer sustentabilidade financeira para quem trabalha na área”
Thiago relata ainda que apesar dos problemas de financiamento acredita que o carinho do público faz o trabalho valer a pena, mas espera uma evolução positiva no mercado. “Eu só espero que algumas mudanças futuras possam trazer sustentabilidade financeira para quem trabalha na área”, finaliza.
Carolina Fayad, criadora do perfil “Baseado em Notícias”, fala um pouco das maiores dificuldades de manter a página e seguir com o trabalho na internet. A “Baseado em Nóticas” é um veículo de comunicação canábico que utiliza do jornalismo para trazer informações para desmistificar e conscientizar o uso adulto e medicial da maconha.
Fonte: Entrevista feita por Milena Hable em 15 de setembro de 2023.
Carolina conclui falando que apesar dos desafios enfretados no dia a dia, o jornal permite que ela produza conteúdo sobre canabis sem tabu e preconceito, se tornando uma realização tanto pessoal quanto profissional.