Por Heloisa Pagani, Loize Pereira e Valentina Muniz
A relação próxima entre as histórias em quadrinhos e o público brasileiro não é de hoje, e nem se limita somente às histórias mais famosas, como as da Turma da Mônica. Esse gênero literário conquista gerações e aproxima os leitores à cultura brasileira, valorizando os costumes, histórias e tradições do país, além de ser uma ferramenta interessante para a alfabetização e criação de um hábito de leitura.
A História dos Quadrinhos no Brasil
As primeiras histórias em quadrinhos feitas no brasil datam de 1969, sendo o primeiro quadrinista, o ítalo-brasileiro Angelo Agostini. Em suas histórias, eram feitas sátiras relacionadas ao momento histórico que o Brasil estava passando, como a guerra do Paraguai. Já em 1905, com influência de Agostini, foi criada a primeira revista destinada ao público infantil, a “Tico-Tico”, que reunia tanto histórias em quadrinhos nacionais, quanto internacionais.
Mas foi em 1959 que o quadrinista mais famoso do Brasil, Maurício de Souza, publicou sua primeira tirinha na Folha da Manhã. Nas primeiras histórias, os personagens apresentados foram o “Franjinha” e seu cachorro “Bidu”, e só depois os quatro personagens principais, Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão, se tornaram o centro da narrativa.
Mesmo depois de mais de 60 anos, as histórias de Maurício de souza ainda conseguem fazer sucesso, devido ao carinho dos fãs e pela diversidade de conteúdos relacionados aos personagens, pois além dos gibis infantis e infantojuvenis, existem as diversas produções audiovisuais, como o CineGibi e as séries animadas da Turma da Mônica e Turma da Mônica Jovem.
Quanto aos fãs de quadrinhos brasileiros, sempre é com grande carinho que produções nacionais são citadas, justamente por conseguirem ser tão próximas do público. Essa proximidade, muitas vezes vêm da infância, visto que as histórias em quadrinhos fazem parte da alfabetização de muitas crianças, por serem didáticas ao misturar literatura e desenhos. Entretanto, a influência não permanece só durante a infância e adolescência, já que essa primeira interação com a literatura, ajuda na criação do hábito e apreço pela leitura.
Valorização da Cultura Brasileira pela Arte
Apesar de toda a importância dos quadrinhos mais antigos, não se pode esquecer das produções atuais, que revelam artistas e roteiristas talentosos, que conseguem inovar nos estilos de desenho, e inserir a cultura e história brasileira como personagem principal. A 8ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba, sediada no Museu Oscar Niemeyer, alcançou com êxito a proposta de valorizar quadrinistas do norte ao sul, que conseguiram exibir e comercializar suas produções durante o evento.
O quadrinista Rafa Kachec, criador da HQ “Muragô”, foi palestrante no evento e compartilhou que mescla a fantasia com os elementos do Brasil, sendo principalmente a fauna e a flora do país as principais características que dão vida às suas histórias. Kacheck diz que a importância de representar a cultura nacional tem relação direta com a quebra de estereótipos acerca do país, pois há uma grande diversidade que deve ser valorizada.


Quebrar estereótipos sobre o Brasil através dos quadrinhos não se trata apenas de mostrar a totalidade do país, mas de discutir também sobre os padrões de consumo.
A produção de quadrinhos brasileiros para os próprios brasileiros trouxe, no evento, a necessidade de enaltecer a relevância da leitura desse tipo de narrativa para a construção da identidade nacional e a pluralidade do país que deve ser representada.
Quer saber mais sobre como os quadrinhos brasileiros estão moldando nossa identidade? Então, não perca o episódio especial no Spotify do Jornal Comunicação. Clique aqui e ouça agora.


