sex 26 abr 2024
HomeDestaquesLer para transformar

Ler para transformar

Atire a primeira pedra quem nunca leu um livro que mudou sua vida. Todo mundo tem seu livro de estimação, aquele pequeno tesouro que empoeira na estante sem o qual você não seria a mesma pessoa. Ficção, poesia, filosofia, não importa o gênero, todo mundo deve algo de si à leitura.

O Circulê pretende incentivar as pessoas a doarem os livros que marcaram suas vidas (Foto: Bruno Vieira)
O Circulê pretende incentivar as pessoas a doarem os livros que marcaram suas vidas
(Foto: Bruno Vieira)

Tomando essas leituras marcantes como inspiração, as sócias Augusta Ribas e Paola Gulin idealizaram, em 2013, o projeto Circulê. O objetivo principal da iniciativa é fazer o conhecimento dos diversos títulos circular entre pessoas diferentes através de pontos de troca no qual os colaboradores devem depositar obras que marcaram sua vida. “Se tem tantos livros guardados em armários, esquecidos em estantes, porque manter esse conhecimento guardado para si?”, diz Gulin.

Tudo teve início quando as duas sócias estavam fazendo um curso online, da Ideo, chamado Design Centrado no Ser Humano. A proposta do curso era gerar projetos inovadores, e foi apostando na importância da leitura para as pessoas, que Gulin e Ribas deram vida ao Circulê.

A ideia primária era que houvesse essa troca, esse incentivo às pessoas se desapegarem de seus livros. O problema era como fazer isso. “Aí a gente veio com a ideia de que todos os exemplares doados para o circulê fossem leituras transformadoras, livros que alguém tenha lido e gostado tanto, a ponto de querer compartilhá-lo com alguém”, explica Gulin.

Além disso, Gulin menciona que outra proposta importante do Circulê é a de que cada título tenha também uma dedicatória escrita pela pessoa que o doou. “A gente pede que as pessoas façam dedicatórias para que o próximo leitor já saiba como que ele vai se sentir lendo aquele livro”, diz. Isso acaba evocando a mesma sensação de quando um amigo te recomenda uma de suas obras preferidas. É o mesmo princípio.

Atualmente o Circulê possui mais de seis pontos abertos de troca, incluindo cafés como o Rause, espaços de coworking como o HUB, e também pontos fechados como a Universidade Positivo e colégios da rede. De modo a incentivar essa troca entre as pessoas que estudam e trabalham no mesmo local.

“Eu vejo muito valor em você dar para alguém algo que tem um valor para você. Porque por mais que você não tenha mais o livro em si, o conhecimento já está com você, e você está permitindo que outra pessoa tenha acesso a esse conhecimento”, finaliza.

Praticando o desapego

Paola Gulin já doou vários títulos desde que iniciou o Circulê. O primeiro, e mais significativo para ela, é “O Que é Meu, é Seu – Como o consumo colaborativo vai mudar seu mundo” de Rachel Botsman e Roo Rogers, obra que também inspirou a iniciativa do Circulê. “Para mim foi um desapego total porque esse livro é uma super referência para mim”, diz Gulin. “Mas eu resolvi abrir mão para dar a chance de que outras pessoas pudessem lê-lo também”.

Lívia Antonelli nunca havia participado de um projeto maior de compartilhamento de livros, mas sempre gostou de trocar livros entre seus amigos . Quando ficou sabendo do projeto por meio de Gulin, já que as duas tinham estudado na mesma universidade e ficado amigas, adorou a ideia logo de cara.

“Já doei diversas obras, a principal razão é porque elas realmente me marcaram, que eu gostei muito e acreditava que poderiam agregar de diversas formas para outras pessoas”, diz. Entre os títulos que ela doou está a coleção inteira do Harry Potter, alguns romances da Marian Keyes e Sophie Kinsella, e também alguns livros mais empresariais, como “O lado humano do sucesso”, do vice presidente de RH da Volvo.

Antonelli destaca que a maior importância de haver essa troca é a transmissão de conhecimento. Já que a leitura, para ela, possibilita o aprendizado e permite entrar em contato com outros “universos”. “Tornar esse acesso mais fácil e poder deixar mensagens positivas para os próximos leitores é o que mais gosto do Circulê.”, comenta.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
Pular para o conteúdo