
No início do mês de junho Istambul esteve no centro dos noticiários mundiais por conta das manifestações na Praça Taksim. A praça, que representa a maior área verde da cidade, estaria destinada a virar Shopping Center. A população ocupou a região para evitar a derrubada e o que recebeu em troca foi agressividade exagerada por parte da polícia local. O protesto, que se iniciou pacífico, agora coleciona feridos, tanto civis quanto militares. Vinte e cinco civis foram presos por lançarem coquetéis molotov contra a polícia. Nenhum policial foi preso por ferir mais de 5 mil pessoas e deixar 3 mortos.
A polícia, que vem armada e protegida, está apenas em seu estrito dever legal, algo que no Brasil exclui a ilicitude e não torna a ação criminosa. Ainda que o Direito Penal turco não funcione da mesma forma, não faria diferença. O governo está ao lado da polícia. A polícia está ao lado do governo. Ninguém está ao lado dos manifestantes. A falta de respeito à população se iniciou no momento em que a opinião pública foi contrariada e a praça se tornaria shopping. A partir disso só piorou. Quantidades absurdas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta foram usadas contra os manifestantes e os animais de rua, que morreram envenenados. Ruas que davam acesso à praça foram fechadas, metrôs bloqueados e meios de comunicação foram interditados. O abuso vem das autoridades que deveriam representar e não enfrentar.
A população é desrespeitada enquanto luta por mais respeito. Uma luta que está deixando rastros de sangue de mortos e feridos, mas que busca deixar rastros de liberdade para as próximas gerações. O que começou na Turquia nesse mês é só um pedaço de tudo o que está ocorrendo no mundo todo, inclusive no Brasil.