Segundo levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública, a pedido do jornal Comunicação, o número de bicicletas roubadas ou furtadas em Curitiba tem aumentado. Em 2011, houve 90 roubos (quando o autor do crime usa de violência ou ameaça) e 145 furtos (crime oculto, quando o ladrão atua sem praticar violência) registrados por Boletim de Ocorrência (BO). Até novembro de 2012, foram contabilizados 133 roubos e 111 furtos na capital, em uma média de no mínimo uma bicicleta a cada dois dias no ano passado.
Os números apontados, entretanto, estão abaixo da realidade, pois muitas bicicletas roubadas ou furtados não estão registratas em BO. É o caso, por exemplo, de Talita Corbari, estudante de biomedicina da UFPR e ciclista desde maio de 2012. Após ser roubada nas proximidades do Shopping Estação, ela tentou fazer o BO por internet. Porém, notou que não havia a opção para bicicletas, mas apenas documentos e objetos.
Por ser considerada também meio de transporte, a opção é fazer o Boletim de Ocorrência presencialmente, na Delegacia de Furtos e Roubos. O que muitos ciclistas ignoram, no entanto, é que a bicicleta possui um “registro”, uma espécie de número de série inscrito na parte inferior do quadro. Numa possível investigação, essa informação é fundamental.
Alternativas
Apesar de não conseguir realizar o BO, Talita encontrou no Facebook o grupo “ Alerta de Bikes Roubadas em Curitiba” [ver box], no qual ela relatou seu caso. No grupo, os dados de ciclistas de toda a cidade são atualizados constantemente e compilados em um mapa, que descreve os locais e a forma como o crime aconteceu. Assim, é possível evitar áreas de maior incidência e conhecer medidas mais eficientes de prevenção.
Outra boa alternativa pode ser o Cadastro Nacional de Bicicletas Roubadas, que centraliza na internet informações sobre roubos e também orienta ciclistas que buscam recuperar a bicicleta, evitando que consumidores ou comerciantes negociem material roubado e também mapeando áreas de risco ou descrevendo as ações dos ladrões. O serviço, disponível desde 2001, cria registros eletrônicos que são divulgados por mais de 200 lojas e bicicletarias no país.
Causas e soluções
Nestor Saavedra, membro da Associação de ciclistas do Alto Iguaçu, aponta que um dos fatores que mais incentiva o roubo de bicicletas seria a facilidade de “girar a mercadoria”, uma vez que a procura por bicicletas tem aumentado. Atualmente, algumas prestadoras de serviço oferecem seguro para bicicletas, mas apenas vinculado a um imóvel, o que não atende aos casos ocorridos na rua ou locais públicos. Iniciativas de associados, no entanto, podem encontrar uma solução neste sentido. Quanto à segurança nas ruas, Nestor acredita que reforçar os contingentes policiais seria uma medida inicial, assim como reestruturar a Ciclo Patrulha da Guarda Municipal (trata-se de uma mobilidade que transita em parques e ciclovias), que desde o projeto tem sido sucateada.
Ações educativas e de prevenção, como a conscientização do próprio ciclista também tem sua importância: “Alguns amigos tiveram suas bikes roubadas porque faltou bom senso na hora de estacioná-las, deixá-las amarradas com cadeados fracos em um local longe da vista”, afirma Nestor. Foi esse o caso do roubo da bicicleta de Talita. Apesar do aviso do segurança, que a recomendou guardar a bicicleta no estacionamento próprio do estabelecimento, ela acabou, por pressa, prendendo a bicicleta num poste da rua.
Segundo o delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos, Amarildo Antunes, é importante registrar o Boletim de Ocorrência quando a bike é roubada. Acompanhar o caso com o auxilio da polícia tende a trazer a solução mais facilmente. “Detalhar a bicicleta, relatar como foi o caso e acompanha-lo é sempre importante”, afirma. Em Curitiba, há mais casos de furto durante o dia, enquanto a noite costuma ser o momento em que acontecem mais roubos. Amarildo conta que a partir da investigação conjunta, da vítima acompanhando o caso a partir da Delegacia, há maiores chances de recuperar a bicicleta.
O grupo Alertas de bikes roubadas Curitiba foi criado em 29 de novembro de 2012 e já possui mais de 650 membros. Com base nos relatos dos membros do grupo, entre os lugares com mais incidência de furtos estão o Jardim Botânico (inclusive com bicicletas prendidas no bicicletário), as proximidades do Shopping Estação e a Av. Cândido de Abreu na altura do Shopping Muller. Já os roubos são mais frequentes na rua Conselheiro Laurindo. O mapa completo você pode conferir aqui.