qui 25 abr 2024
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Pequeno circo encanta plateias

O circo Irmãos Romanos está fazendo um tour pela região metropolitana de Curitiba. A próxima parada é a cidade de Contenda. Créditos: Letícia Sequinel

O circo mais alegre do Brasil. É assim que o locutor define o grupo Irmãos Romanos para o público. Segundo os integrantes, esse é um dos segredos que mantém o pequeno circo ativo em meio a concorrentes de peso. “É a alegria, a união. Sempre acontece uma briga ou outra porque estamos em família, mas aqui ninguém se larga”, conta Diolinda da Silva, dona do circo há mais de 50 anos.

No total, são 23 pessoas (quase todas da mesma família) responsáveis por todo o funcionamento do espetáculo – desde a montagem da lona, a organização financeira, até a escolha dos números apresentados.

O artista faz de tudo um pouco: o palhaço é equilibrista e vendedor, o malabarista produz os brinquedos para venda, o locutor é motoqueiro no globo da morte. “O mais difícil hoje é encontrar funcionário para trabalhar no circo. Por isso nós estamos em família”, explica o administrador e filho de Diolinda, Roberto Gomes da Silva, que já exibe no currículo 50 anos de picadeiro.

Apesar das dificuldades, o Irmãos Romanos garante a formação de um público fiel por toda cidade que passa. “Antigamente, o circo tinha muito mais espectadores. Hoje, com a proibição dos animais e com a televisão, a audiência diminuiu bastante. Mas para a gente, o importante é gostar do pessoal, mesmo que o público seja pequeno. E nós sempre fazemos amizades”, diz Diolinda.

Com sede na Lapa, o circo viaja de janeiro a novembro e leva entretenimento para regiões do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. O período de tempo que fica em cada cidade varia de duas semanas a um mês, dependendo do interesse do público. Durante o mês de janeiro, ele se instalou em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba. “Nós estamos sendo muito bem recebidos aqui. Quem sabe ainda voltamos para cá”, diz o administrador.

É o que espera a espectadora Jandira da Silva, que já assistiu ao espetáculo duas vezes. “Eu adorei, me diverti bastante. Eles vão fazer muita falta quando forem embora. Principalmente porque são muito unidos”, comenta.

Os artistas

“Eu trabalho em circo porque é isso que eu sei fazer. Nasci e me criei nesse ambiente. Não consigo ficar em casa”, confessa Alex Júnior Alves, malabarista e circense há 44 anos. Além de lançar e pegar objetos no ar com precisão, ele também produz os brinquedos que são vendidos durante o intervalo do espetáculo.

Toda a família de Alex faz parte do show. “Os meus dois filhos são palhaços e a minha mulher é a rainha do churros”, brinca.  Para ele, a única diferença que existe entre o trabalhador do circo e o da cidade é que o primeiro mora em um trailer. “As pessoas falam que trabalhar no circo é sofrido. E trabalhar na cidade não é? Olha, nós fazemos churrasco todo final de semana, divertimos o público e ainda recebemos para isso”, completa.

O filho, Júnior Alves, o palhaço Pimentinha, acredita que o trabalho no circo funciona porque é feito em equipe. “Mesmo que haja desentendimento, não importa o que aconteça, uma pessoa sempre ajuda a outra. É por isso que o Irmãos Romanos funciona bem mesmo com poucos artistas”.

O Homem-Aranha é uma das atrações mais esperadas pelas crianças. Créditos: Letícia Sequinel

Só no amor

Rico em tradição, o circo vem de uma família que está no ramo há pelo menos 172 anos. “Isso é coisa que passa de pai para filho. A minha avó, Augusta Stankowich, uma das pioneiras no Brasil, influenciou o meu pai, que me contagiou. Hoje eu continuo o trabalho deles. Nós nunca paramos”, comenta Roberto Gomes da Silva.

O circo Irmãos Romanos foi fundado oficialmente em 1962, logo depois do nascimento de Roberto. Antes disso, os números eram feitos em um paiol improvisado da família. O administrador conta que quando tinha sete anos de idade, as mudanças de um local para o outro eram realizadas de carroça.

Ele explica também que o nome “Irmãos Romanos” tem história. “Muito tempo atrás, houve um incêndio em um circo. Dizem que um casal que estava em um trailer não percebeu nada. Todo mundo começou a falar que eles estavam ‘só no amor’. Foi só ler a expressão de trás para frente que o nome do circo surgiu”.

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