sex 26 abr 2024
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Pesquisa da UFPR pode salvar pacientes com sepse

O laboratório de farmacologia da UFPR está desenvolvendo uma pesquisa inovadora para a medicina, que pode culminar na cura para a sepse, uma das principais causas de morte hospitalar no Brasil.

Aleksander Zampronio, professor de farmacologia e coordenador da pesquisa, trouxe a base do projeto do Canadá, onde desenvolveu seu pós-doutorado em eletrofisiologia. Ele explica que o principal problema quando o paciente desenvolve quadro de sepse – também conhecido como infecção generalizada – é a pressão baixa, que impede a oxigenação do sangue e pode levar à falência múltipla de órgãos.

Durante a pesquisa no Canadá, Zampronio observou que a causa do aumento de pressão arterial é um hormônio chamado vasopressina. Essa substância, produzida pelo próprio organismo, pode ser inibida pela endotelina, que também é fabricada naturalmente. “Normalmente, esses elementos funcionam em harmonia no corpo humano, mas, em quadro de infecção, esse circuito não funciona”, explica Zampronio, que aponta a solução, “bloquear os canabinoides aumenta a pressão arterial”.

Para isso, está sendo testada a eficácia de um remédio atualmente proibido no Brasil, o Rimonabant. Usado como emagrecedor, a droga foi retirada de circulação por ter como efeito colateral a depressão profunda dos usuários. O Rimonabant inibe a ação da endotelina, e  atualmente é aplicado em cobaias. O resultado é animador, houve significativa redução na mortalidade dos ratos, previamente induzidos ao quadro de sepse.

Zamproio e Mariane desenvolvem um trabalho que pode salvar vidas

Mariane Guttervil, orientanda de Zampronio há um ano, está animada com os resultados. “Aprendi bastante com essa pesquisa, e pretendo continuar com ela, investigar mais a fundo”, conta, já prevendo a possibilidade de continuar o projeto em sua tese de doutorado.

Apesar das boas perspectivas, o professor de farmacologia não acredita que sua pesquisa será a cura definitiva para a sepse. “O medicamento seria apenas uma terapia adicional às já utilizadas, como aplicação de adrenalina”, relata. Além disso, o Rimonabant deverá ser aplicado com cuidado e poucas vezes, durante o período mais grave da doença, para prevenir os efeitos colaterais.

Atualmente, a pesquisa desenvolvida por Mariane sob a supervisão de Zampronio tem se focado nos motivos da droga inibir a ação dos canabinoides e qual a relação disso com a vasopressina. Essa etapa deverá acabar em abril de 2014, quando provavelmente será passada a outro pesquisador. “O próximo passo deveria ser a avaliação clínica do tratamento, o que só pode ser feita por um médico”, explica Zampronio.

Ainda que a pesquisa seja financiada pela CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – o professor enfrenta problemas com a UFPR. As principais dificuldades, segundo ele, estão no número de animais fornecidos para cobaia e a burocracia, que impede a compra rápida de equipamentos.

Infecção Generalizada

A sepse caracteriza-se por infecção em um ou mais lugares do organismo, causando uma reação generalizada do corpo, na forma de inflamação. O quadro clínico do paciente pode se tornar grave, causando a falência de múltiplos órgãos. É a principal causa de morte nas UTIs brasileiras, e 65% dos pacientes infectados vão à óbito. Em 2003, 227 mil pacientes morreram em decorrência da doença, segundo o Instituto Latino Americano de Sepse.

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