Entre esforços diários mundiais para encontrar métodos eficazes e menos agressivos para tratar o câncer de mama, uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná tem se destacado e trazido esperança para a batalha de milhares de pacientes. Segundo o Insituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo e o que mais atinge mulheres brasileiras, representando 22% dos tumores malignos diagnosticados em pacientes do sexo feminino, além de ser responsável por 15% das mortes por câncer no Brasil.
O projeto, que faz parte do programa de iniciação científica da universidade, começou com a premissa básica de analisar o DNA de células cancerígenas, mapeando os genes – unidades que contém toda a informação e identidade de determinada célula – responsáveis por ativar sua reprodução. Durante o processo, a equipe descobriu um gene que é desligado quando certos tipos de tumores de mama estão em desenvolvimento e uma cadeia de unidades que é desativada quando o câncer já está em processo de metástase. Através da análise desses dois elementos, é possível chegar a um diagnóstico preciso quanto ao tipo de tumor e ao estágio em que a doença se encontra.
O Departamento de Patologia Básica da UFPR, no Centro Politécnico, é a sede do grupo de pesquisa – predominantemente composto por mulheres. A professora Giseli Klassen coordena a equipe, que conta com alunos de graduação, mestrado e doutorado na área de ciências biológicas, além de um recém-formado em Medicina. Klassen explica que a descoberta pode levar a um diagnóstico mais rápido e, principalmente, a um tratamento que atue especificamente sobre as moléculas do câncer, e não sobre o organismo da paciente. “Recentemente, publicamos um artigo sobre o processo de metástase. O objetivo é abrir esses dados para que a comunidade internacional trabalhe no desenvolvimento de drogas para uso clínico e ofereça um tratamento diferenciado, sob medida para cada mulher”, explica. Os pesquisadores também estão trabalhando na patente de um biomarcador, técnica que facilita a identificação do material genético do tumor. A expectativa é que o material chegue aos laboratórios do Sistema Único de Saúde (SUS) em breve.

Tratamento e diagnóstico
Hoje, o tratamento disponível para o câncer de mama pode envolver processos de quimioterapia e radioterapia, que afetam todo o funcionamento celular e, por isso, ocasionam vários efeitos colaterais para a paciente. Dependendo do caso, também é recomendada uma intervenção cirúrgica. A paciente pode passar por uma setorectomia, que extrai apenas a parte do tecido mamário em que o tumor se encontra, ou por uma mastectomia, que consiste na retirada total da mama.
O diagnóstico da doença é feito através da mamografia, uma espécie de raio-x que mostra lesões malignas e benignas. Wagner Dias, coordenador do programa Mãe Curitibana, explica que todos os exames preventivos podem ser feitos gratuitamente nas 109 unidades de saúde da cidade. Basta que a interessada procure a unidade mais próxima de sua residência levando RG, CPF e certidão de nascimento ou casamento e faça um cadastro no sistema nacional de atendimento. “Por conta da baixa procura, não existe fila para fazer esse tipo de procedimento. É só marcar uma consulta de rotina e pedir um encaminhamento para o exame”, garante. Além da mamografia diagnóstica, o SUS também oferece o teste de rastreamento, um exame especial feito em pacientes que não apresentam sintomas da doença, mas estão na faixa etária dos 50 aos 69 anos.
Caso o diagnóstico confirme que se trata de câncer, Wagner lembra que todo o tratamento também pode ser feito pela rede pública de saúde. “Temos a lei dos 60 dias, que assegura que o tempo máximo entre cada consulta não pode passar de dois meses. No Hospital Erasto Gaertner, a primeira consulta acontece de 2 a 3 semanas depois da confirmação da doença”, explica. Quando uma mastectomia for necessária, o SUS também oferece a cirurgia plástica de reconstrução da mama.
De acordo com o INCA, dos 52 mil novos casos de câncer de mama que deverão ser diagnosticados até o fim de 2014, 910 deles ocorrerão em Curitiba, atingindo a proporção de 65 casos a cada 100 mil mulheres. Com o diagnóstico precoce, a probabilidade de cura da doença pode chegar a 100%.