Quem passou pela Rua Desembargador Motta essa semana deve ter imaginado que havia alguma peça do Festival de Teatro de Curitiba sendo encenada em frente ao prédio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná (Sema). No entanto, a movimentação no local foi devido ao Polentaço, ação que divulgou a importância da reciclagem do óleo de cozinha e reuniu mais de 1.500 pessoas, principalmente alunos e professores.
Para a aposentada Berenice de Almeida, que mora ao lado da Sema, o órgão do estado deveria ter feito mais propaganda da iniciativa: “A secretaria poderia ter divulgado melhor o Polentaço para que o aprendizado sobre reciclagem não ficasse restrito somente aos estudantes”, lamenta. Aluna da 8ª série, Ana Carolina Sogenfrei foi com a turma do colégio ao evento e aprovou a visita. “Achei muito interessante saber como se faz sabão do óleo de cozinha que ia para o lixo”, afirma. Por meio de um circuito montado no pátio e no auditório do Sema, os visitantes caminharam por diversos stands para ouvir as explicações de 20 monitores.
Logo na entrada, um aquário mostrava que o óleo vegetal jogado na água forma uma camada impermeabilizante na superfície, o que impede a passagem de ar e luz e, assim, mata qualquer espécie aquática. Além disso, o óleo acumulado forma uma crosta escura nos canos de esgoto, entupindo-os com o tempo. Após utilizado, o óleo deve ser armazenado dentro de garrafas de refrigerante ou em grandes tonéis, no caso dos restaurantes. Depois, pode ser encaminhado para o lixo que não é lixo ou então para empresas privadas especializadas em reciclagem. Nesses locais, o produto receberá tratamento adequado para ser transformado em óleo para motosserra, para asfalto, em desmoldante, fertilizante, adubo, sabão, entre outros. A produção de sabão a partir do óleo de cozinha também pode ser feita em casa (ver receita).
No percurso do Polentaço, os participantes receberam sacolas oxi-biodegradáveis que se decompõem com mais facilidade -, cartilhas informativas, além de vários brindes: quem guardasse o pacote de papel do pastel e da polenta oferecidos pelo 10 Pastéis e pelo restaurante Madalosso ganhava um jogo. Outras instituições também participaram do Polentaço, como o supermercado Festval, o shopping Müller e a Ambiental Santos, empresa que recolhe e recicla o óleo de cozinha da indústria alimentícia. “Todas as empresas convidadas pela Sema a participar do evento se destacam na reciclagem de resíduos”, esclarece Laerty Dudas, responsável pela ação. O evento faz parte do programa “Desperdício 0” da Prefeitura de Curitiba, que procura mobilizar a população sobre diversos aspectos da reciclagem.
Poluição curiosa
– 1 litro de óleo mal acondicionado é capaz de esgotar o oxigênio de 1 milhão de litros de água;
– a sacola plástica comum demora cerca de 400 anos para se decompor enquanto a oxi-biodegradável leva apenas oito meses;
– Curitiba produz 1400 toneladas de lixo por dia;
– a região metropolitana de Curitiba utiliza mensalmente cerca de 100 toneladas de óleo de fritura e grande parte desse volume não passa por tratamento algum antes de ser jogado no meio ambiente.
Como fazer do óleo sabão
Material necessário:
– 4l de óleo vegetal pós-consumo;
– 2l de água;
– ½ copo de sabão em pó;
– 1kg de soda cáustica (NaOH)
– 5ml essência de óleo aromático (opcional)
Modo de preparo:
Dissolva o sabão em pó em ½ litro de água quente. Separadamente, dissolva a soda cáustica em 1,5 litros de água quente. Lentamente, adicione as duas soluções ao óleo e mexa por cerca de 20 minutos. Se tiver optado por usar essência, adicione à mistura e despeje em fôrmas. Desinforme somente no dia seguinte e, depois de pronto, deixe o sabão de molho em água num recipiente para que a soda cáustica seja neutralizada e não agrida as mãos do usuário.
Atenção: o manuseio com a soda cáustica deve ser feito com muito cuidado. Quando comprar um produto químico, solicite que ele venha acompanhado de sua ficha de segurança.
Fonte: www.pr.gov.br/sema