Não apenas de leprechauns – duendes do folclore irlandês – e cerveja é feita a celebração de St. Patrick’s Day (Dia de São Patrício). A festa anual celebra São Patrício, um dos padroeiros da Irlanda, conhecido por ter instaurado a religião católica no país. As comemorações acontecem no dia 17 de março – suposta data de morte do santo – e incluem paradas e missas em homenagem ao feito do discípulo cristão.
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No ano de 1600, a data foi considerada como feriado nacional pela igreja Católica – e, desde então, os irlandeses não precisam trabalhar ou estudar no dia da morte do santo. O irlandês Davey White, nascido em Waterford, a cerca de 150 quilômetros de Dublin, é atualmente um dos sócios do pub irlandês Sláinte, em Curitiba e diz que a data é amplamente comemorada em seu país de origem. “Lá todos vão à igreja pela manhã. Nem mesmo vinho sagrado nós tomamos. A partir das 11 da manhã, no entanto, todos começam a beber”, conta.
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Hoje, os símbolos verdes que são utilizados nas festas de St. Patrick’s Day na Irlanda já são reconhecidos e usados nas celebrações de muitos outros países. “O verde começou a ser utilizado como forma de mostrar que ainda estavam vinculados às suas raízes, porque muitos irlandeses saíram da sua terra natal por conta de conflitos civis”, explica White. Mesmo assim, segundo o irlandês, foi só nos Estados Unidos que a cor verde passou a ser um símbolo oficial da data. “Lá eles colocam colorante verde até mesmo na cerveja”, comenta.
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No Brasil, a propagação da cultura irlandesa é relativamente recente. White conta que veio à Curitiba pela receptividade da capital com a cultura europeia. Ele diz que sempre tenta trazer um pouquinho da Irlanda para o território paranaense. “Aqui no pub, fazemos tudo de acordo com a cultura irlandesa. Até mesmo a presença de bandas de rock alternativo é algo incorporado dos festivais de Dublin”, afirma.
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O pub irlandês foi o primeiro em Curitiba e, de acordo com o sócio, desde 2006, o número de frequentadores durante a programação de St. Patrick’s Day apenas aumentou. “Acredito que as pessoas em todo o mundo comemoram essa data porque nós, irlandeses, somos muito festivos”, opina o administrador.
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Nesse ano, além do Slainté, outros casas noturnas como Sheridan’s Irish Pub, Cervejaria da Vila, Hop’n Roll, Clube do Malte, Joker’s Pub e Bar Dom Corleone também comemoraram a data.
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Brasileiros na Irlanda
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De acordo com dados da Central Statistics Office, o órgão responsável por contabilizar o número de estrangeiros no país, a Irlanda contou com apenas 0,26% da sua população de brasileiros entre os anos de 2006 a 2011. Ainda assim, o número cresce quando comparado a outros países – cerca de 18% dos estrangeiros no país neste período eram brasileiros. A quantidade não é uma surpresa, uma vez que a maioria dos intercambistas escolhe a Irlanda pela possibilidade de, além de aperfeiçoar o inglês, também conhecer uma cultura diferente da vizinha inglesa.
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Ramon Kropmmans da Silva, 21, estudante de Publicidade e Propaganda da UFPR, faz parte dessa estatística. O intercambista, que aterrisou em Dublin no início do ano, conta que o que ouviu no Brasil sobre o feriado se confirmou. “Começa na sexta-feira com a cidade cheia de europeus se prolongando durante o final de semana inteiro”, diz.
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O estudante conta que existe uma pausa nas comemorações entre os dias 16 e 17. “As pessoas param de beber às 20h de segunda e só voltam a beber às 16h de terça-feira”. Em relação às festividades, ele diz que, embora a polícia irlandesa proíba o consumo de bebida alcoólica em feriados após às 22h, o número de pessoas é tão grande que o controle não é muito eficaz. “É como se fosse o Carnaval brasileiro na Irlanda”, compara.
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Já para Elisie Oliveira, 20, estudante de Arquitetura e Urbanismo da UTFPR, que morou durante um ano em Belfast e participou do St. Patrick’s Day em Dublin, a data deixa de ser “apenas um evento etílico para garantir um caráter cultural e religioso”. Diferente da celebração anual no Brasil, Elisie conta que, na Irlanda, o caráter da festa torna-se muito mais familiar, estendendo as comemorações dos pubs para as ruas. “Não se ouve falar de assaltos, nem de violência – nesse sentido existe uma tranquilidade maior do que no carnaval brasileiro”, opina.