qua 19 mar 2025
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2 a 2 e nada mais

Sempre que Coritiba e Atlético se enfrentam, a cidade fica em polvorosa. Dá para sentir desde cedo o clima tenso no ar. Os passarinhos que cantam para o sol nascer, em dia de Atletiba, cantam esganiçados, como se provocassem uns aos outros. E mesmo aquelas pessoas que não se ligam em futebol, percebem: “nossa, como a cidade está agitada” – é como começam a constatar os efeitos do jogo.

(Foto: atletiba.com.br)
(Foto: atletiba.com.br)

 

No último domingo não foi diferente; pelo menos fora dos gramados. A partir da hora do almoço, a região próxima à Arena da Baixada já estava com grande movimento de torcedores; a torcida do Coxa, como sempre acontece com as torcidas visitantes em dia de clássico, foi escoltada até o estádio; torcedores cantavam, pulavam e juravam amor eterno ao clube de coração. Houve, ainda, a baixaria de sempre: brigas em tubos e terminais de ônibus, correria em locais inimagináveis da cidade, mas em número reduzido, segundo a PM, que divulgou um score de 9 torcedores detidos.

Nas arquibancadas, um show digno de clássico. Da parte coxa-branca, o destaque vai para o grande número de torcedores que lotou a área destinada aos visitantes e não se amedrontou diante dos quase 30 mil atleticanos. Esses, por sua vez, no maior público na nova Arena desde a Copa do Mundo, receberam os jogadores com um mosaico belo e organizado.

Em situações distintas no campeonato, os times foram empurrados por suas torcidas.

E realmente empurrados. Dentro de campo, os times não pareciam estar ligados na mesma pilha das torcidas. A atuação de vários jogadores apáticos transformou o clássico num quebra-canelas; um jogo feio de assistir.

O Coritiba começou tomando a iniciativa, assustando o adversário em casa e, mesmo levando o gol de empate, após abrir o placar com o requentado Wellington Paulista, manteve-se melhor no primeiro tempo. O rival Atlético se valeu da boa atuação do meia cancha Otávio para recompor o meio de campo – perdido na primeira etapa – e conseguir reverter o domínio de bola. Mas nem assim foi capaz de passar à frente no placar.

Destaque para os quatro gols da partida, que nasceram de falhas ou situações confusas, e representam a pouca qualidade do jogo. No primeiro, Marcos Aurélio pega na orelha da bola, sobra para Wellington Paulista, que dribla fácil o afobado zagueiro Kadu e toca bonito na saída do goleiro. Cinco minutos depois, após um desastrado e não intencional toque de Ítalo dentro da área coxa-branca, Walter domina a bola pululante e estufa sem dó as redes de Bruno. Já no segundo tempo, aos 31 minutos, a tentativa do zagueiro rubro-negro de sair jogando com a cabeça virou um contra-ataque mortal nos pés de Ruy. Aos 36 – sim, novamente, cinco minutos depois – Edgar Junio (não é Junior) briga pela bola, empurra o oponente e, à exemplo do colega Walter, desfere um canudo da lateral da pequena área, que passa por cima da cabeça do goleiro alviverde.

No fundo, um Atletiba assim, de baixo nível, só reflete a maneira com que os clubes encaram a formação dos escretes. Com desleixo, e isso não é novidade para ninguém.

Sorte que as torcidas organizadas andam mais tranquilas, valorizando o esporte, fazendo festa saudável em comunhão com os torcedores comuns – como se pode perceber na postura das duas principais torcidas dos clubes. Porque, se depender do futebol, o futebol paranaense está no bico do corvo.

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