O Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou no último dia 8 o documento em que se posiciona contra as práticas de uso de agrotóxicos no Brasil. O objetivo é regulamentar e controlar o uso dessas substâncias, e também ressaltar o risco à saúde com o uso desses produtos químicos. Uma alternativa para escapar dessa alimentação é a escolha pela agricultura orgânica.
Em declaração oficial no Dia Mundial da Saúde, o Inca lançou o documento: “Posicionamento acerca dos agrotóxicos”, que destaca a necessidade da substituição do modelo agrícola dominante pela produção de base agroecológica.
O Brasil é, desde 2009, o maior consumidor mundial de produtos agrotóxicos, com um consumo mensal médio de aproximadamente 5,2kg por habitante. A venda desses produtos em território nacional passou de US$ 2 bilhões para US$ 8,5 bilhões entre 2001 e 2011.Uma das ações responsável por esse aumento, foi a liberação no uso de sementes transgênicas. A utilização delas exige maior quantidade de agrotóxicos, colocando o país no primeiro lugar do ranking.
A nutricionista Silvana De Luca Biss, 31 anos, enfatiza três problemas no uso excessivo de agrotóxicos: problemas neurológicos; tipos de câncer (por causa dos radicais livres); e Mal de Parkinson (devido os metais pesados). Silvana também afirma que cada estado tem diferentes níveis de agrotóxicos. “Em outros países a legislação é diferente, e muitas vezes entram no Brasil esses produtos sem a autorização da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, diz.
Orgânicos, uma das saídas
Para escapar dos produtos com agrotóxicos, uma das alternativas é o consumo de alimentos orgânicos. No entanto, a nutricionista alerta: “Tem que haver o selo provando a origem orgânica, e assegurando a não existência de produtos químicos e sintéticos”. O pimentão (91,8%), morango (63,4%) e verduras (54,2%) estão entre os campeões de agrotóxicos, segundo a Anvisa.
Para ser considerado um produto orgânico é preciso passar por três especificações técnicas: ar, terra e água. No ambiente aéreo, é necessário fazer um barreira com plantas de cerca viva com altura aproximada de dois metros, com o objetivo de bloquear agrotóxicos vindo pelo vento. Já a terra tem que ser tratada e analisada, já que o chumbo, por exemplo, fica por longo período no solo. A água utilizada para a irrigação também deve ser analisada, já que rios, córregos, e riachos recebem agrotóxicos vindos de outras propriedades.
A professora Stella Bezerra, 45, mudou a alimentação nos últimos 6 anos. “Queria poder acessar produtos que não comprometessem a minha saúde, nem da minha família”, conta.
Stella, o marido, e o filho de nove anos, adaptaram a alimentação e esperam resultados a longo prazo. “O leite do meu filho é orgânico, por exemplo, e vem em vidro retornável”, comenta.
A professora ressalva algumas situações particulares, como por exemplo, visitas a pessoas que não seguem esse modelo de alimentação, e produtos sazonais. “Os produtos são comercializados o tempo todo, mas os orgânicos dependem da estação em que ficam prontos”, comenta.
Se pretende mudar de alimentação em busca de alimentos orgânicos, encontre no mapa abaixo a feira mais próxima de você.