
Foto: Dayane Saleh
O Festival de Inverno da UFPR acontece há 23 anos em Antonina, uma cidade de intensa troca cultural. Nesta edição, que vai de 13 a 20 de julho, o evento oferece oficinas, mostras de filmes, mesas redondas e espetáculos para o público da própria cidade e de todo o Paraná. Os participantes são de todas as idades. Para as crianças, o evento se propõe a resgatar as brincadeiras tradicionais nas diversas oficinas ofertadas. Já o público mais velho conta com cursos de percussão, cozinha caiçara e muitos outros.
Para a coordenadora de cultura da UFPR Lúcia Mion, além de divulgar a Universidade, o Festival traz benefícios para toda a comunidade paranaense. “Com esse evento nós tiramos a cultura das quatro paredes da academia, promovendo a confraternização das artes e das pessoas”, afirma. Atuante na organização desde a primeira edição, Lúcia destaca a escolha de Antonina como cidade sede para o Festival. Ela diz que o município demonstrou interesse e, mais que isso, potencial para que o evento desse bons resultados. “Em uma cidade maior, o Festival se diluiria. Em Antonina, há um miolo onde as pessoas estão todas juntas” diz, referindo-se à Praça Coronel Macedo, no centro.
Hospitalidade capelista
De acordo com Lúcia Mion, os antoninenses – também conhecidos como capelistas – são pessoas abertas e colaboram com a organização do Festival. “A UFPR não paga por nenhum dos espaços que utiliza. Fazemos parcerias com escolas, associações e o comércio da cidade para realizar o evento”, explica a coordenadora.
A hospitalidade revela-se em uma ida ao comércio ou na conversa que flui solta com algum morador da cidade. Fábio Machado, é antoninense e dono de uma padaria na cidade. Um desses capelistas hospitaleiros, ele define seus conterrâneos como acolhedores, de fácil trato e amizade. Segundo Fábio, a maior importância do evento não está no aumento do faturamento de sua loja, que fica em torno de 20%, mas na confraternização entre seus participantes. “Com o Festival, a gente vê pessoas novas e conhece outras culturas”, conta.
Anny Snoeijer não é capelista, mas se considera uma. Holandesa criada em Santa Catarina, ela adotou Antonina como sua cidade há 28 anos. Dona de um restaurante de barreado e frutos do mar, próximo à praça central, ela vê com bons olhos o movimento que o Festival traz para a cidade. “Além de atrair mais clientes, esse evento é muito bom para Antonina pelo aspecto cultural”, afirma.
Lendas e barreado
Os atrativos da cidade não se limitam ao povo simpático e acolhedor. As lendas que envolvem diversos espaços de Antonina também atraem visitantes. As histórias se preservaram em uma comunidade alheia ao estilo de vida dos grandes centros, que parece ter parado no tempo. “Antonina é mágica, cheia de histórias e lugares fantásticos. A cultura daqui é caiçara, desperta a curiosidade”, explica capelista Vera Gabriel. Ela cita como uma das lendas mais curiosas a da casa mal assombrada, onde seria possível ouvir o barulho de grilhões sendo arrastados. “Antigamente, foram enterrados escravos no quintal daquela casa. O povo diz que ela é assombrada por eles”, conta a moradora. Outras histórias povoam o imaginário antoninense, como a da Cigana Bartira e sua égua, fantasmas que passeariam pela Praça Coronel Macedo.
O barreado, prato típico desta região do Paraná, também é um fator de atração de turistas para a cidade. Feito com carne bovina, toucinho e temperos típicos, ele é oferecido na maioria dos restaurantes da região, que também servem frutos do mar. Anny afirma que o Festival traz mais movimento para o comércio. “O faturamento aumenta em torno de 20%, por causa dos participantes e seus parentes”, diz.