sex 19 abr 2024
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Apesar da baixa representatividade, o ingresso das mulheres na política mostra importância

Cada vez mais se percebe, no Brasil, o ingresso de mulheres na vida política. Embora o número de representantes femininas ainda seja pequeno, a atuação das mulheres vem ganhando importância ao longo dos mandatos. A vereadora de Curitiba Josete Dubiaski (PT) analisou essa entrada feminina na política em duas situações: na sua maior parte são militantes, com uma vertente em movimentos sociais e sindicais, e a outra situação é a familiar, com histórico de parentes que já vinham de uma carreira na política.

“Isso não é saudável para a sociedade, porque as mulheres com um histórico político familiar representam um determinado setor da elite, não tendo um comprometimento maior com a população”, afirma a vereadora.

O Palácio do Planalto ainda é predominantemente masculino, mas as mulheres já marcam suas posições no local (Foto: divulgação)
O Palácio do Planalto ainda é predominantemente masculino, mas as mulheres já marcam presença no local.
(Foto: divulgação)

Professora da UFPR  e autora do livro “Campañas Electorales para Mujeres – Retos y tenencias”, Luciana Panke estuda comunicação eleitoral voltada para mulheres. Nesse livro, ela aborda campanhas eleitorais femininas por toda a América Latina. A pesquisadora analisa que a luta por maior representatividade é o primeiro impulso para o ingresso das mulheres. “A mulher ainda está aprendendo, mas é importante ela estar nesses espaços para que existam outras visões. Temos uma cultura enraizada de que lugar de mulher não é na política”, explica.

Após a análise, a professora dividiu as mulheres que entram na política na América Latina em três tipos de personalidade. A mulher guerreira, a mãe e a profissional, independente de idade ou qualquer aspecto físico. “Os atributos profissionais são os menos valorizados. Na nossa sociedade os aspectos de personalidade (guerreira, mãe) importam mais”, afirma. Para a professora, isso se deve ao caráter de cuidadora que se dá para a mulher. A visão de que a mulher é uma guerreira que luta para cuidar do seu povo, ou é mãe que cuida dos filhos.

Após seu ingresso, a mulher continua com o desafio de lidar com o preconceito dentro do próprio espaço político. “Muitas vezes, ela está dentro da política, mas não faz parte das mesas de decisões. Ela está empoderada, mas sem ter poder”, analisa Luciana. Isso é gerado, na sociedade e na vida política, por uma visão de que a mulher só luta por pautas feministas. “Ela não está indo governar só para mulheres. Ela pode defender a agenda de gênero também, mas não somente ela”, completa a professora.

Essas dificuldade de ser ouvida é um dos maiores desafios da mulher dentro e fora do ambiente parlamentar, o que torna difícil o avanço de projetos nesse aspecto. “O parlamento é um reflexo da sociedade”, enfatiza a parlamentar Josete. Segundo ela, as políticas públicas e projetos em apoio às mulheres só vão avançar quando existir uma política articulada entre União, Estado e Município. “Nós tivemos avanços nas políticas macro, mas agora cabe aos níveis estadual e municipal. Muitos avanços não chegam em todos os municípios, como a secretaria das mulheres, e é preciso chegar onde a vida das pessoas acontecem, nas cidades”, analisa.

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