qui 25 abr 2024
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Brechós incentivam economia circular e moda sustentável

Frente a danos causados pela indústria têxtil ao meio ambiente, recirculação de peças de roupa usadas surge como solução

“Levando roupas para brechós, se evita que elas vão para lixões, a pessoa economiza, produz fluxos mais renováveis e gera valor para a peça”. Assim explica Maria do Carmo Duarte Freitas, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisadora de economia circular. Outra função destes estabelecimentos foi apontada pela dona do brechó Néctar, Duda Mel: “É dar uma segunda chance pra peça e fazer o ciclo girar para ela”.

O brechó de Duda fez parte da quarta edição da Feira de Brechós do Menó, que aconteceu no fim de semana dos dias 12 e 13. Também marcaram presença mais de 30 comércios, a maioria também brechós, dentro do bar do Menó, ao lado da praça Menozitas, no bairro Boqueirão, em Curitiba. Duda conta para que servem as feiras na sua visão: “para conhecer as pessoas que compram com a gente e ter a troca, porque meu brechó é online, e a feira traz esse contato importante com o cliente”.

Comprar em feiras como esta também é incentivar a moda sustentável, como afirma uma das donas do Brechó das Migas, Barbara Breda, sobre a importância dos brechós: “é sobre você descartar as coisas da maneira correta e dizer não à indústria do fast fashion.”. 

Este modelo é a produção em larga escala de roupas de baixo custo de produção e qualidade, feitas para serem utilizadas e descartadas. Dessa forma a transformação de roupas em lixo é cada vez mais rápida e o descarte de tecidos é um problema crescente no mundo todo. Alguns países sentem mais as consequências que outros, como Gana e o Chile, que são pontos mundiais de despejo, com toneladas de lixo têxtil vindo de lugares como Estados Unidos, China e Europa.

Segundo a Agência de notícias AFP, estima-se que anualmente sejam descartados cerca de 40 mil toneladas de roupas não vendidas no deserto do Atacama, ocupando uma área de aproximadamente 300 hectares. Já em Gana, 60 milhões de peças de roupa consideradas lixo chegam aos portos a cada ano. No Brasil, anualmente são produzidas cerca de 170 mil toneladas de lixo têxtil, segundo relatório do Sebrae, que aponta que 80% desse lixo é incinerado ou vai parar em lixões.

A indústria têxtil sozinha é responsável por 10% da produção mundial de carbono e pelo gasto anual de 1,5 bilhão de litros de água, segundo o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas. Outros fatores da indústria têxtil também são danosos ao meio ambiente, como a quantidade de produtos químicos e metais para que sejam produzidos, como aponta o Daily Mail.

Como alternativa sustentável surgem os brechós. Quando uma peça de roupa é vendida ou doada para um brechó, ela ganha um novo valor. Algo que já não serve mais para uma pessoa pode ter alto valor agregado para outra. Isso é o que afirma a professora Duarte Freitas. Brechós são casos de economia circular, um termo que se refere aos negócios que permitem a regeneração do material, compartilhamento ou troca. Alguns exemplos são combustíveis renováveis, carros compartilhados ou uso de containers para a construção civil.

Cecilia Sizanoski
Estudante de Jornalismo da UFPR.
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