Cerca de 600 crianças enfrentaram uma árdua batalha contra o sono e a impaciência neste sábado pela manhã (05). As filas para as inscrições das oficinas infantis, voltadas para a comunidade local, começaram antes das 7h.
Mesmo fora do período letivo, a estudante da segunda série do ensino fundamental Thainá Vieira acordou cedo e encarou a fila até às 11h para conseguir sua inscrição em uma oficina de dança. Ela conta que é a quarta vez em que participa de uma das atividades do Festival. “Já fiz capoeira, tintura e dança africana”. Para Thainá, os benefícios são claros: “As oficinas mostram um pouco do conhecimento de fora, eles [os ministrantes] vêm de longe para mostrar para gente o que eles fazem na cidade de onde são”.
Ao todo são disponibilizadas 835 vagas nas 38 turmas infantis, mas nem todas as crianças conseguem participar da oficina desejada. Nesta edição, as mais procuradas foram as oficinas de Robótica sem Mistérios e de Hip Hop, as primeiras a terem as vagas esgotadas. A estudante da quarta série do ensino fundamental Paola Cotelessi explica o motivo de tanta procura. “Em casa a gente não tem nada para fazer e nas oficinas a gente aprende as coisas por meio de brincadeiras e danças”, diz.
As crianças que não conseguiram vagas podem ainda participar das atividades de recreação e lazer que acontecem diariamente na praça Coronel Macedo. “Pelo menos elas não pegaram aquela fila enorme em que a gente ficou desde às 7h”, conta Thainá.
Atividades culturais
A estudante Sônia Sbrissia conta que inscreveu seus dois filhos nas oficinas de coral e brochura. “Eles aprendem coisas novas, interagem bastante durante a semana, fazem várias atividades”. Para ela, faltam oportunidades semelhantes durante o resto do ano. “São poucas as atividades complementares na cidade. Eles fazem natação, mas é só o que a cidade oferece”.
Para o professor de educação física Mário de Castro, a importância das práticas culturais e esportivas na formação dos pequenos antoninenses deveria receber mais atenção do município. “As atividades que existem [fora do período do festival] são apenas aquelas desenvolvidas nas escolas. Fora da escola não existe atividade, seja de cunho cultural ou esportivo”. Para o professor, falta uma política mais consistente de extensão entre o município e a UFPR, que tenha como conseqüência uma ação permanente. “Todo ano, ouve-se aquelas histórias de que vão dar continuidade ao trabalho da Universidade, mas a gente não vê essa continuidade nem mesmo por parte do município”.
