qui 28 mar 2024
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CICI 2010: Planejamento urbano precisa ser feito com base nas mudanças climáticas

Na tarde desta sexta-feira, dia 12 de março, profissionais da área de meio ambiente e urbanismo se reuniram num dos painéis de discussão da CICI 2010 para debater os desafios e as inovações requeridas pelas cidades modernas. Na oportunidade, os palestrantes discutiram as possibilidades de melhoria da mobilidade urbana em confronto com as mudanças climáticas que ocorrem no planeta.

Os participantes disseram que é necessária a conscientização das autoridades e empresariado na intenção de encontrar alternativas de crescimento urbano que atendam a todos os setores sociais e não apenas aos empresários. Isso seria importante para o crescimento consciente das cidades em tempos de aquecimento global. O geógrafo da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Costa Ribeiro disse que o Brasil não conhece com precisão as implicações das mudanças climáticas em grandes centros urbanos, mas o paí­s pode estimar essas consequências.

Segundo Ribeiro, as populações de baixa renda, que moram em áreas precárias, são as mais atingidas por essas alterações. Apesar da necessidade de dados para analisar como a mudança na temperatura global pode afetar o espaço urbano, já se pode perceber que as os resultados da temperatura mais alta podem ser alarmantes. “Não é preciso esperar nenhuma mudança climática para perceber a importância de se retirar as pessoas dessas áreas”.

O geógrafo afirma que a otimização de vazios urbanos pode ser uma saí­da tanto social quanto empresarial para a melhoria do ambiente urbano. Ele defende que os edifí­cios não sejam construí­dos apenas para atender a especulação imobiliária e que é possí­vel pensar em “torres” (prédios) menores. “É uma forma de renovar os ambientes com menor circulação de ar, com maior espaço entre os edifí­cios para diminuir os problemas que o clima pode trazer como aquecimento global”. Ribeiro chama atenção de que essas alternativas também devem ser aplicadas em novas metrópoles regionais, e não apenas em grandes cidades, como São Paulo

Clima e transporte

Nas grandes cidades, 13,5% da emissão de gases poluentes, muitos deles responsáveis pelo efeito estufa, são lançados na atmosfera pelos veí­culos de combustão, segundo dados do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Alexandre d”Avignon, presente na palestra, as grandes cidades devem reduzir essas emissões de poluentes, seja pela substituição de combustí­veis ou pelo estí­mulo ao transporte coletivo.

O palestrante disse que Curitiba, com seus ônibus expressos, pode e precisa substituir os combustí­veis fósseis. “Uma tendência seria a transformação de motores de combustão interna em motores elétricos. Em Curitiba, os ônibus biarticulados são uma opção. Se isso será viável economicamente, precisa ser estudado”, afirma.

As cidades passam por uma congestão urbana pela demanda de veí­culos particulares, afirma D”Avignon. Com isso, modos de transporte não motorizados também podem ser uma opção de benefí­cio tanto para a mobilidade nas cidades, como para o clima e a saúde da população. “Melhorias nas redes de transporte coletivo e o estí­mulo aos transportes alternativos, como a bicicleta, são pontos a serem discutidos. Deixar de ter o carro na rua, deixa-se também de ter pessoas nos hospitais por problemas respiratórios”, enfatiza.

Mas o doutor em Teoria e Métodos em Design e Inovação, Adriano Braun Galvão alerta que para que isso se torne realidade é necessária melhor atenção para essas formas alternativas de transporte. “O decréscimo no uso dos ônibus ocorre tanto pela falta de estrutura quanto pelo aumento da tarifa, o que gera maior procura de meios individuais”.

Investimentos em transporte coletivo é um dos pontos apontados pelos especialistas para o crescimento futuro das cidades
Secretaria Municipal de Comunicação Social

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