Partindo de uma viagem que percorre ponta a ponta do Brasil, a peça “Os Mambembes” estreia as apresentações teatrais do Festival de Curitiba nesta segunda-feira, 24. O trajeto, que rendeu até agora dez apresentações e mais de 18 mil espectadores no país, chega ao palco da capital paranaense para celebrar o teatro nacional.
Dirigido por Emílio de Mello e Gustavo Guenzburger, o espetáculo traz uma equipe de alto nível, que conta com Cláudia Abreu, Deborah Evelyn, Orã Figueiredo, Leandro Santana, Julia Lemmertz e Paulo Betti no elenco. Em uma releitura da comédia clássica de Arthur Azevedo, de 1904, a obra contempla a metalinguagem da produção teatral ao tratar do fazer artístico e envolver o público no enredo.
O projeto busca honrar as artes brasileiras, de forma a despertar a vontade de se consumir cultura, colocando o grupo de artistas na estrada. “O mambembe coloca esta história tão popular na cena e discute a vivência e a importância do teatro, da encenação, e do que é importante ao fazer a nossa a arte, além da possibilidade de levar e trazer todo mundo ao teatro”, comenta o ator Leandro Santana em coletiva realizada nesta manhã.
A peça visa a circulação por diferentes lugares, incluindo aqueles onde o cenário das artes cênicas não é tão presente. Para o elenco, é uma oportunidade de carregar o teatro de rua cru e disponível, de forma a resgatar o contato humano e incentivar o diálogo artístico na cena nacional com um texto que, apesar de possuir mais de 100 anos, conversa com todos os tempos e espaços. “A gente tinha uma troca com a cultura local”, aborda Deborah Evelyn aos jornalistas, “isto foi uma coisa que nos aproximou, um pouco, desse Brasil mais profundo, que a gente não tem acesso.”
De ônibus com defeitos a hotéis cheios de barata, “Os Mambembes” também carregam os perrengues vividos ao longo do caminho. Isto, segundo os artistas, faz parte do processo da peça. “O mambembe ganhou conotações pejorativas, como algo feito de forma atabalhoada, de forma improvisada, e que diz um pouco do que é a história mesmo. A gente vai passando por muitos percalços durante a viagem do grupo e vai tendo que lidar com isso”, comenta Orã Figueiredo. “Mas é uma comédia, então a gente quer alegrar as pessoas, quer trazer essa história bonita que acontece pelo Brasil, de várias formas. É uma comunicação, um teatro aberto, tem um espírito de celebração”.