Como diria a placa de papelão carregada por um barbudo qualquer, o fim está próximo – a menos de 24 horas de distância, segundo uma das interpretações do calendário maia. As especulações e as dúvidas são tantas que há espaço para perguntas até no Yahoo! Respostas: “estão prontos para a escuridão eterna?”.
Se o mundo cairá nas trevas amanhã, ninguém tem certeza. Mas na era da correria, em que nada dura por muito tempo – nem o iPhone da vez, nem os próprios valores morais -, talvez as pessoas precisem do fim. A ideia de que tudo vai acabar, seja por um apocalipse zumbi ou pelas mãos do Lorde Voldemort (já que falamos em trevas), serve como um poderoso escape da realidade. Junto com o planeta, somem todos os problemas e angústias: não precisamos mais nos preocupar com a fatura do cartão de crédito ou com a declaração do imposto de renda.
É assim que o dia 21 de dezembro de 2012 parece marcar o fechamento de um ciclo e o início de outro, em que tudo deve ser deixado para trás para um novo começo. É uma espécie de Ano Novo, com a diferença de que não haverá fogos de artifício – a não ser que seja para ajudar a destruir a Terra. Nesse caso, na melhor das hipóteses, o mundo acabaria em luzes e não haveria motivo para se preocupar com a escuridão eterna.
O fato é que, com luz ou sem luz, um dos dois vai para o espaço amanhã: o mundo ou toda a “espetacularização” que ajudou a construir a crença no fim. Ou ainda, ambos sobrevivem e a busca pelo adeus à realidade continua a mesma. As pessoas não vão deixar de procurar pela Arca de Noé, nem que isso signifique se desligar de tudo vendo um filme por algumas horas ou viajando por aí – ou ainda criando teorias apocalípticas.
Por enquanto, esperamos pelo encerramento do ciclo (literal ou não, ainda não sabemos). Só nos resta tentar persuadir o professor a não dar aula ou o chefe a liberar uma folga amanhã, porque “se o mundo acabar, eu quero estar com a minha família”.

Sinais
Em meio a piadas e suposições, há quem aponte sinais de que o mundo realmente vai para o buraco negro. Mais uma vez a fantasia dá as caras e a vontade de fugir do plano real aumenta. Foi o que aconteceu no caso da recente interpretação da profecia de Nostradamus, que liga o hit Gangnam Style do cantor Psy ao apocalipse.
Segundo os intérpretes, o perigo está no número de visualizações do vídeo da música, que já ultrapassou os 900 milhões. Se chegar a um bilhão até amanhã, estamos perdidos. Do jeito que as pessoas gostam de ver o circo pegar fogo (com o perdão da expressão), a meta logo será cumprida e a única solução será correr para as colinas.
Outra notícia que rendeu comentários do tipo “o fim do mundo chegou” foi a de que o lutador de artes marciais e ator norte-americano Chuck Norris havia assumido a homossexualidade em uma rede de televisão. Dessa vez a notícia era falsa, mas foi o suficiente para o público fazer a ligação com o apocalipse. O mais engraçado é que a humanidade pode até acreditar que o planeta acaba amanhã, mas jamais compra a possibilidade de o rei do roundhouse kick ser gay. É realmente o fim.