“Tão longa a arte, tão curta a vida”. Tal frase está escrita em letra cursiva numa das paredes do Teatro do Paiol, junto à dezenas de outras declarações de amor ao espaço, arte e Curitiba, e revela parte da história do local. As mensagens são de artistas que se apresentaram no teatro, em atividade há mais de 40 anos.
A história do Paiol é antiga e o espaço existe desde 1906. Já serviu como depósito de pólvora, material de construção da prefeitura e arquivo morto, mas foi a arte que lhe trouxe a função mais nobre. A ideia de tornar o Paiol um teatro veio da própria classe artística paranaense dos anos 70. O projeto foi apresentado a Prefeitura e o arquiteto Abrão Assad adaptou o local, mantendo as características originais da construção, que hoje a tornam tão facilmente reconhecível.
Na noite de 27 de dezembro de 1971, Vinícius de Moraes, acompanhado por Toquinho, Maria Medalha e o Trio Mocotó, fazia a primeira apresentação do local. “Após abençoar o espaço com uísque, Vinícius sugeriu o nome ‘Paiol da Pólvora'”, diz um dos quadros do hall do teatro. O músico, juntamente com Toquinho, compôs uma música em homenagem a construção: “Paiol da Polvora”, que remete tanto ao espaço quanto a liberdade cultural almejada na época.
O operador de som do Paiol, Rogério Bordenowsky, 51, dá exemplos de artistas com quem já trabalhou: Dorival Caimi, Zizi Possi, Caubi Peixoto. A lista é extensa. Ele só se lamenta não ter estado na apresentação de Gonzaguinha, que realizou seu penúltimo show no teatro Paiol. Rogério conta também sobre o episódio trágico da morte do baterista de Caubi Peixoto. “Ele chegou aqui brincando, tentando me apavorar ao dizer que Caubi não passava o som e que se algo desse errado no áudio a culpa seria minha. O rapaz infartou durante a última apresentação”, relata.

Rogério é também um grande apreciador do ambiente. E não é para menos, há 25 anos trabalhando no Teatro do Paiol, ele conta que sofreu com o estigma de que funcionário público não pode ser promovido. “Tem que gostar do que faz. E eu gosto. Acho que a parte técnica é o coração do teatro”, comenta.
Já para arquiteta Lindsay Araújo, 35, o que mais lhe desperta o interesse no Teatro são as atrações. “A programação é bem selecionada e o espaço é pequeno e agradável”, conta durante a pausa de sua leitura. Ela esperava pelo marido, que estava ensaiando para uma apresentação.
O Paiol, que já foi palco de grandes nomes da música brasileira, hoje tem foco na produção local. “Temos uma programação variada, mas principalmente de artistas paranaenses”, conta a coordenadora do espaço Lilian Ribas, 42. Segundo ela, a maioria das atrações do teatro são shows. “O espaço recebe mais peças durante o Festival de Teatro”, explica. Além disso, é permitida a visita, para quem quer apenas conhecer o lugar.
Serviços
– Bilheteria
Terça a sexta: 13h30 às 19h ou até o horário do evento em dias de eventos
Sábado e domingo: 15h até o horário do evento
– Visitação
Diariamente: 13h até 19h